Diplomacia

Presidente francês critica ocupação israelense e pede volta de acordos com Palestina

Macron recebeu premiê israelense em Paris para homenagem a judeus deportados pelo regime de Vichy em 1942

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Benjamin Netanyahu, premiê de Israel, e Emmanuel Macron, presidente da França, no Palácio de Eliseu de Paris
Benjamin Netanyahu, premiê de Israel, e Emmanuel Macron, presidente da França, no Palácio de Eliseu de Paris - Haim Zach/GPO

O presidente da França, Emmanuel Macron, pediu nesse domingo (16), ao lado do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, a retomada das negociações entre israelenses e palestinos em vista de uma “solução de dois Estados”. O líder francês também reiterou a posição contrária de seu país à colonização israelense de territórios palestinos, que tem se intensificado nos últimos meses sob o Executivo de Netanyahu.

“A França está pronta para apoiar todos os esforços diplomáticos” para uma nova negociação, disse Macron, reforçando que israelenses e palestinos devem poder "viver lado a lado em fronteiras seguras e reconhecidas, com Jerusalém como a capital".
Durante o primeiro encontro bilateral entre os dois líderes, o mandatário francês também criticou a ocupação israelense e a construção de assentamentos judaicos em territórios palestinos, lembrando o respeito ao “direito internacional”. A ocupação e as colônias judaicas em terras palestinas são consideradas ilegais perante leis internacionais.

As negociações entre os dois povos estão paradas desde o fracasso na mediação dos Estados Unidos em 2014. Recentemente, Macron recebeu o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas. Na ocasião, ele também reiterou o apoio à solução de dois Estados.

Netanyahu, por sua vez, afirmou que "os palestinos se negam a reconhecer um Estado judeu independente" e disse que tinha transmitido a Macron a inquietação israelense "diante de qualquer forma de agressão" por parte do grupo extremista Estado Islâmico e do Irã.

Sobre este último ponto, Macron garantiu ao premiê israelense sua "vigilância" para o cumprimento "estrito" por parte do Irã do acordo assinado em 2015 com o Grupo 5+1 (integrado pelos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU mais a Alemanha) pelo qual a república islâmica se comprometeu a não desenvolver tecnologia nuclear com fins militares.

Macron convidou o premiê israelense a Paris para participar na manhã de hoje das homenagens no 75º aniversário das operações policiais que as forças da ordem francesa fizeram em julho de 1942, durante o regime de Vichy, que colaborava com os nazistas, quando mais de 13 mil judeus, entre eles mais de 4 mil crianças, foram detidos pelos agentes franceses.

Quase todos esses judeus foram deportados para o campo de extermínio de Auschwitz, na Polônia, onde foram assassinados.

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Esplanada das Mesquitas

O governo de Israel reabriu nesse domingo (16) a Esplanada das Mesquitas em Jerusalém, após mais de 48 horas de fechamento. Diversos detectores de metal foram instalados como medida de segurança depois de um ataque na Cidade Antiga.
O ministro de Segurança Pública de Israel, Gilad Erdan, explicou horas antes à imprensa que alguns dos portões destinadas ao acesso dos muçulmanos "continuarão fechados hoje" e acrescentou que pretende instalar detectores de metal "o mais rápido possível".

"As portas [com detectores] servirão para prevenir qualquer ataque como o de sexta-feira", afirmou Rosenfeld. Além disso, ele reconheceu não saber ainda o número exato de dispositivos instalados, mas confirmou que Israel aumentará as unidades policiais nos arredores da Esplanada e na Cidade Antiga, além das câmeras de vigilância.

Na última sexta-feira (14), três homens palestinos abriram fogo contra dois agentes da polícia de Israel, que não resistiram e morreram. Os agressores também foram mortos. Após o atentado, a polícia de Israel prendeu oito suspeitos de terem ligação com os palestinos. 

(*) Com Agência Efe e ANSA.

Edição: Opera Mundi