Mobilidade

Redução no passe livre estudantil é alvo de novos protestos em São Paulo

"A gente acredita num sistema educacional muito além das salas de aula", diz presidenta da União dos estudantes de SP

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Protesto contra redução do passe livre estudantil, em São Paulo
Protesto contra redução do passe livre estudantil, em São Paulo - Rafael Tatemoto

As mudanças na utilização do passe livre estudantil, anunciadas pela gestão de João Doria (PSDB), foram alvo de novos protestos nesta terça-feira (18). As ações ocorreram nas avenidas Paulista e Nove de Julho, na região central de São Paulo (SP). De acordo com estimativas da PM (Polícia Militar), cerca de 500 pessoas participaram da manifestação.

“O Passe Livre não deve servir única e exclusivamente para ir e voltar da instituição de ensino. A gente acredita num sistema educacional muito além das salas de aula, inclusive. Um sistema que também depende de atividades extracurriculares, de estágio não remunerado obrigatório e, até mesmo, do próprio acesso à cidade, aos espaços públicos", explica a presidenta da UPES, a União Estadual dos Estudantes de São Paulo, Naiara Souza.

O passe livre estudantil foi conquistado na cidade durante a gestão de Fernando Haddad (PT), após os protestos de 2013. Atualmente, os estudantes têm direito a oito viagens gratuitas a cada 24 horas. A partir de agosto, pela nova medida anunciada, terão direito ao mesmo número de viagens, mas devem realizar quatro viagens no período máximo de duas horas, por duas vezes ao dia. Caso exceda esses limites, a cota não durará até o final do mês.

"Um estudante, que mora em um extremo e que vai atravessar a cidade, ou até mesmo vai para o centro em um horário de pico, não vai conseguir chegar em duas horas, a tempo de utilizar a mesma cota. Então, consequentemente, ele vai utilizar a cota da volta. E para voltar, a cota do outro dia e a assim sucessivamente”, explica Souza.

Manifestantes também defendem ampliação do passe livre

Além da questão da redução do passe estudantil, muitos dos manifestantes têm como fim último a gratuidade universal do serviço, como afirma o estudante de ciências sociais na PUC São Paulo, com bolsa do Prouni (Programa Universidade para Todos), Erick Vinicius de Araújo: “Além da gente conseguir barrar esse corte no Passe Livre do João Doria, acho que as organizações socialistas, comunistas e anarquistas que estão aqui hoje têm por objetivo fim a construção de um transporte público gratuito para todos”.

Atos

O primeiro protesto foi realizado na quarta-feira (12), em frente a sede da Prefeitura de São Paulo, no centro histórico da cidade. 

Nesta terça-feira, os protestos contra as mudanças no passe livre se dividiram. Convocada pela União Paulista dos Estudantes Secundaristas (Upes) e com participação de outras entidades representativas – União Nacional dos Estudantes (UNE), União Brasileira de Estudantes Secundaristas (Ubes), União Estadual dos Estudantes de São Paulo (UEE) e Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG) -, uma delas se reuniu desde as 17h no Vão Livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp). As organizações foram responsáveis pelo protesto da quarta-feira (12).

A outra, mobilizada pelo Movimento Passe Livre (MPL) e pelo coletivo Secundaristas em Luta, ocorreu no mesmo horário, mas em outro ponto da Avenida Paulista, na Praça do Ciclista, localizada no cruzamento da via com a Avenida Consolação. 

Por volta das 19h, as duas frentes se uniram na frente do MASP e passaram a caminhar juntas. O ato se encerrou por volta das 21h15.

​​​​Uma mulher foi empurrada por PMs e ficou ferida; a reportagem não conseguiu apurar se ela estava no protesto ou era transeunte

Edição: Vanessa Martina Silva