MOBILIZAÇÃO

Em Buenos Aires, milhares protestam em apoio a trabalhadores demitidos da PepsiCo

Mais de 600 argentinos ficaram sem emprego após o fechamento da fábrica; empresa vai mudar operações para outra cidade

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Manifestantes exigiram a reintegração dos trabalhadores, repudiaram a repressão da polícia e montaram um acampamento na frente do Congresso
Manifestantes exigiram a reintegração dos trabalhadores, repudiaram a repressão da polícia e montaram um acampamento na frente do Congresso - Juan Andrés Gallardo | La Izquierda Diario

Milhares de trabalhadores e trabalhadoras, estudantes e defensores dos direitos humanos se mobilizaram em apoio aos trabalhadores demitidos pela empresa multinacional estadunidense PepsiCo. Eles exigiram que os trabalhadores sejam reincorporados às suas antigas funções. Outra demanda da manifestação, realizada no centro da cidade, na última terça-feira (18), foi a convocatória para uma greve geral.

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Ao final do ato, os trabalhadores montaram um acampamento na frente do Congresso Nacional, onde seguem acampados.

Em outras cidades do país, como em Mendoza, Neuquén e Mar del Plata, também aconteceram manifestações em apoio aos trabalhadores e ações de boicote à PepsiCo.

Demissões

A PepsiCo fechou a fábrica localizada no bairro Vicente López, em Buenos Aires, no dia 20 de junho, provocando a demissão de 691 trabalhadores. A empresa alegou, através de um comunicado, que o fechamento se deve a "questões logísticas e de produção", relacionadas à mudança da filial para outra cidade, Mar del Plata.

A multinacional também afirmou que havia estabelecido um acordo econômico com os trabalhadores demitidos. No entanto, os ex-funcionários da empresa passaram a organizar manifestações para rechaçar a desvinculação promovida pela empresa e exigir a reabertura da fábrica.

Um dos trabalhadores demitidos, que está à frente das manifestações, Camilo Mones, informou que os trabalhadores reivindicam a reabertura da empresa e não um acordo com a PepsiCo: "A estratégia é fechar a fábrica e fazer uma negociação sem pagar pelas demissões, para que as pessoas se arranjem sozinhas e, depois, em dois ou três meses, reabrir a fábrica com funcionários terceirizados", disse Mones.

A Justiça se mostrou favorável à posição dos trabalhadores. A Câmara Nacional do Trabalho ordenou, na quinta-feira passada, que a empresa reincorporasse dez trabalhadores que estão entre os demitidos e que cumpra o dever de ocupação efetiva. Isto é, os juízes obrigaram a empresa a atribuir postos de trabalho imediatamente na fábrica, que continua fechada. Caso a PepsiCo não reabra o prédio, a multa estabelecida por desobediência é de cinco mil dólares por dia.

Repressão

O governo argentino respondeu às manifestações com repressão policial. Nas manifestações anteriores à de ontem, dezenas de pessoas e jornalistas ficaram feridos.

Representantes sindicais criticam os  governos federal, de Mauricio Macri, e estadual, de Maria Eugenia Vidal , pela política econômica que, de acordo com os sindicatos, tem gerado mais desemprego e por proteger a PepsiCo.

*Com informações do Resumen Latinoamericano e da TeleSUR.

Edição: Vanessa Martina Silva | Tradução: Luiza Mançano