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Spike Lee é homenageado no Cine Humberto Mauro

Diretor famoso por exaltar a luta dos negros e criticar problemas sociais ganha mostra gratuita

Brasil de Fato | Belo Horizonte (MG) |

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Lee rompeu barreiras impostas aos negros na indústria cultural
Lee rompeu barreiras impostas aos negros na indústria cultural - Reprodução

O diretor Spike Lee é o homenageado do mês de agosto no Cine Humberto Mauro, em Belo Horizonte. Até o próximo dia 17, fica em cartaz uma mostra com 20 filmes de destaque do autor, conhecido por tratar do cotidiano das pessoas negras, do racismo, violência e desigualdade. O evento faz parte do 3º Inverno das Artes e tem entrada franca.

Grande crítico da mídia tradicional, Lee foi um dos únicos cineastas que, mesmo combativos, conseguiram romper as barreiras impostas aos negros na indústria cultural. Suas críticas sobreviveram ao mundo do entretenimento, tornando-se sucesso para o público e para os profissionais de cinema.

“O que ele faz é uma espécie de resgate histórico. Coloca mais personagens negros na tela, dá voz a pontos de vista de quem já viveu o racismo e de quem sabe o que é ser negro no mundo. Junto disso, também explora o filme de forma criativa, valorizando enquadramentos e detalhes técnicos”, avalia Gabriel Martins, da produtora Filmes de Plástico, de Belo Horizonte. 

Com o trabalho de Lee, Gabriel, que também é negro, conta que, além de se inspirar, enxergou personagens que viviam conflitos parecidos com os seus e conseguiu se sentir representado. 

Essa conexão, de acordo com o cineasta mineiro, seria capaz de elevar a autoestima e mostrar “que você não está sozinho no mundo. É sempre interessante ter alguém em quem se espelhar. Alguém que cresceu com dificuldades semelhantes e seguiu um caminho desafiador politicamente. Você tem vontade de contar histórias do tipo”, acredita.

A jovem Elisa Hipólito, estudante de Antropologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), assistiu dois longas de Spike Lee e vê na mostra uma oportunidade de se aprofundar. Para ela, um dos grandes diferenciais do diretor é que ele não coloca os negros apenas em papéis estereotipados. “Não são somente pessoas marginalizadas, envolvidas com a criminalidade, mas em posições de poder. Isso é muito importante quando nós, negros, vemos um filme”.

Para assistir

Os ingressos da mostra, que acontece de segunda a sexta, devem ser retirados meia hora antes de cada sessão. Para conferir a programação completa, acesse o site da Fundação Clóvis Salgado: www.fcs.mg.gov.br.
 

Edição: Joana Tavares