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“Mudou muito. Antes era lama e casa flutuante”, conta moradora de Brasília Teimosa

Mulheres contam sua história durante a visita do ex-presidente Lula ao bairro

Brasil de Fato | Recife (PE) |
Simone: "Nossa esperança é Dilma e Lula, se eles voltarem, nossa vida melhora"
Simone: "Nossa esperança é Dilma e Lula, se eles voltarem, nossa vida melhora" - Julia Dolce / BdF

O bairro de Brasília Teimosa, na zona sul do Recife, foi o destino da manhã deste sábado (26) da Caravana “Lula pelo Brasil”. O ex-presidente Lula conheceu o bairro no início de sua primeira gestão, em 2003. De lá para cá, os moradores vivenciaram transformações como o fim das palafitas, a construção da fábrica de gelo e do píer.

Simone Virgínia é peixeira e mora em Brasília Teimosa há 30 anos. Seus olhos testemunharam todas as transformações pelas quais o bairro passou. Simone é casada e tem dois filhos, a sua família toda tira o sustento do mar: o marido e os dois filhos são pescadores. Ela é a responsável por vender o que eles pescam: “Tem peixe, camarão e aratu pego tudo e vendo de porta em porta, nos restaurantes e na praia mesmo para os turistas”. Ela vende o pescado in natura, mas também cozinha pratos com peixe e camarão que vende na praia, principalmente aos domingos.

Virgínia diz que não conheceu outra vida, mas que o aperto no peito continua quando o marido e os filhos ganham o mar: “Eles sabem se vão, mas não sabem se voltam”. Ela conta que o filho estudou, fez cursos e já trabalhou em outros lugares, mas, recentemente, ficou desempregado e a pesca foi o destino. 

“Muita coisa melhorou aqui no bairro, mas há uns dois anos vemos que isso parou: o atendimento médico piorou e a violência cresceu, nossa esperança é Dilma e Lula, se eles voltarem, nossa vida melhora”, conclui.   

A lavadeira aposentada Alzira de Souza também teve sua vida transformada pela reestruturação da comunidade, que traz no próprio nome - “Teimosa” - a alusão à perseverança dos moradores que ocuparam a região na década de 1950 e resistiram às múltiplas demolições. Com 66 anos de idade, Alzira foi uma das primeiras moradoras da comunidade. 

“Aqui mudou muito. Tudo era terra, lama, casa flutuante, bicho de pé. Depois que Lula entrou foi uma benção, agora tá muito bom de morar. Todo mundo aqui na Brasília se sentiu mal quando ele saiu. Mas ele vai voltar, em nome de Jesus, porque aqui a gente ama ele”, contou.

Através de diversos trabalhos informais, Alzira criou seus oito filhos quando ainda vivia em uma das palafitas que marcavam a paisagem da região. “Meu marido é pescador. Tinha dia que ia para a maré e não ganhava nada, ou trazia um trocadinho que nem pagava o aluguel. Eu trabalhava em casa de família, lavando roupa de ganha, e ia para a maré catar sururu para criar meus filhos. Vivia catando lixo, latinha, garrafa. Já catei até comida para comer, não tenho vergonha de dizer. Mas hoje minha vida é muito tranquila”. Hoje Alzira já tem 15 netos e uma bisneta e se mudou para uma casa em uma das ruas do bairro.     

Virgínia e Alzira viram o bairro e a própria vida mudar, as duas estavam na recepção ao ex-presidente Lula que voltou ao bairro para ver as mudanças 14 anos depois. As mulheres de Brasília Teimosa contam sua história e tem os olhos e a esperança voltadas para o futuro.

A Caravana “Lula pelo Brasil” segue neste sábado (26) para João Pessoa (PB). A viagem vai até dia cinco de setembro, quando se encerra no Maranhão.

Edição: Rafael Tatemoto