Direitos

Ministério Público pede justiça aos índios Waimiri-Atroari por extermínio na ditadura

Etnia contava com 3.000 indígenas nos anos 70, na década seguinte, eram apenas 332 índios

|

Ouça o áudio:

Povo Waimiri-Atroari, que se autodenomina Kinja
Povo Waimiri-Atroari, que se autodenomina Kinja - Mário Vilela/Funai

O Ministério Público Federal acionou a Justiça para reparar danos cometidos contra os índios Waimiri-Atroari na construção da BR 174 durante o regime militar brasileiro. A estrada liga Manaus a Boa Vista e foi construída com resistência da etnia que ocupa a terra na região.

A procuradoria cita a Comissão Nacional da Verdade, que afirma que houve uma redução da etnia na época da construção da rodovia. Três mil indígenas viviam na terra nos anos 70, na década seguinte, a etnia registrava apenas 332 índios.

Além da indenização e do pedido de desculpas oficial, o Ministério Público pede que a União inclua as violações sofrida pelos índios no conteúdo das escolas nos ensinos fundamental e médio, com destaque ao genocídio do povo Waimiri-Atroari, que se autodenomina Kinja.

Segundo o grupo de procuradores, documentos, relatórios e depoimentos colhidos durante a apuração do caso indicam um genocídio praticado contra a etnia na construção da BR 174.

Em ofício entre comandantes militares, há ordens para mostrar aos índios os efeitos da rajada de metralhadoras, granadas e dinamite. Os depoimentos colhidos pelos procuradores relatam corpos sendo enterrados às margens da estrada e ataques áreas às aldeias.

O grupo do Ministério Público escreve na ação que “o Estado brasileiro patrocinou a invasão do território indígena e a redução da população Kinja, não medindo esforços para realizar o genocídio da etnia. E que pelo menos desde 1974 havia uma ação genocida do Estado brasileiro de ataques violentos, por bombas, tiros e torturas”, afirmam os procuradores.

A ação civil pública tramita na 3ª Vara Federal do Amazonas.

Edição: Radioagência Nacional