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Opinião

Editorial | Qual reforma política?

Financiamento privado de campanhas mantém o sistema político refém de grupos privados

Brasil de Fato | Curitiba (PR) |
Debate sobre a reforma política tem sido discutido no Congresso sem participação efetiva da população, esvaziado de representatividade
Debate sobre a reforma política tem sido discutido no Congresso sem participação efetiva da população, esvaziado de representatividade - Antonio Cruz | Agência Brasil

A reforma política tem sido a bola da vez na pauta da Câmara dos Deputados, mas nesta semana deve emperrar em vários pontos por divergências entre os partidos. Novamente, o tema é debatido no Congresso e nos meios de comunicação sem participação efetiva da sociedade.

Para falar das questões centrais: o eventual financiamento privado de campanhas mantém o sistema político refém de grupos privados, empresariais e financeiros. É o chamado “quem paga escolhe a música”. Quando na verdade é preciso pensar um fundo público, com uma distribuição equivalente entre partidos com programas definidos. 

Já no chamado sistema distrital misto, que enfrenta resistência de alguns parlamentares, podem ampliar-se os chamados “currais eleitorais”, figuras personalistas, que dominam determinada região.

Vale lembrar que, em 2014, oito milhões de pessoas votaram em um plebiscito popular por uma Constituinte do Sistema Político, com objetivo que alguns problemas fossem resolvidos: O principal deles é a falta de representação popular. Hoje apenas 10% dos congressistas são mulheres, por exemplo. O outro é a falta de espaços de decisão popular na política, a chamada democracia direta, por meio de referendos, plebiscitos etc. A decepção popular com a política e o atual Congresso ilegítimo tem a ver com a não solução dessas questões.

Acréscimo à edição impressa:

A atual discussão deveria ser aprofundada. E, mais do que isso, a reforma política, e mesmo o debate sobre mudança de regime político (presidencialismo ou parlamentarismo) não pode encobrir a necessidade de manutenção das eleições presidenciais de 2018. Depois de um golpe de Estado, em 2016, é sempre bom estar de sobreaviso.

Edição: Pedro Carrano e Daniel Giovanaz