Rio de Janeiro

Direito ao esporte

Cresce movimento pela anulação da privatização do Maracanã

Descaso e abandono mobilizam cariocas em defesa da gestão popular do complexo esportivo

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |

Ouça o áudio:

Desde os preparativos para Copa do Mundo de 2014, movimentos denunciam superfaturamento da reforma e ilegalidades na concessão do estádio
Desde os preparativos para Copa do Mundo de 2014, movimentos denunciam superfaturamento da reforma e ilegalidades na concessão do estádio - Divulgação

O cenário de descaso e abandono com o Complexo Esportivo do Maracanã tem mobilizado diferentes setores da sociedade civil em defesa da elaboração de um plano popular de gestão que abra as portas novamente do equipamento para a população do Rio de Janeiro.

No último mês, uma audiência pública convocada pelo mandato do vereador Renato Cinco (PSOL-RJ) discutiu possíveis caminhos para a retomada do Complexo Esportivo. Durante o encontro, a subsecretária municipal de Esporte e Lazer, Patrícia Amorim, apontou  a municipalização do Maracanã como alternativa para a sua retomada.

A Radioagência Brasil de Fato entrou em contato com a assessoria da subsecretária para saber do andamento da proposta, porém não obteve retorno até o fechamento desta reportagem.

Enquanto a solução para o descaso não vem, o sonho de ver o equipamento esportivo funcionando novamente se torna cada vez mais distante. Edneida Freire é treinadora de atletismo e trabalhou nos projetos sociais do estádio Célio de Barros, localizado no Complexo do Maracanã. Ela conta como os megaeventos que ocorreram no Rio destruíram a pista de atletismo e o atendimento de centenas de pessoas.

“O estádio de atletismo Célio de Barros foi violentamente atacado na calada da noite. Asfaltaram a principal pista do Rio de Janeiro. O único estádio de atletismo social e público que recebia diariamente 800 pessoas e de grande importância para o desenvolvimento do atletismo na cidade. Dentro desse equipamento a gente recebia crianças vindas de abrigos, encaminhadas da Vara da Infância e Juventude com pequenos delitos, ou maus tratos”, reforça.

Diogo Leal, integrante dos coletivos Ocupa Maraca e Tricolores de Esquerda, destaca que a privatização do Complexo esportivo para o Consórcio Maracanã S/A, que detem o direito sobre o espaço por 35 anos, tem gerado mais perdas do que ganhos.

“A gente quer o Maracanã público, gerido pelo estado com mecanismo de controle para que possamos retomar os inúmeros projetos sociais que existiam no Célio de Barros, Julio Delamare e no próprio Maracanã, criar preços e setores populares em todos os equipamentos. Acreditamos que o Maracanã gerido pelo interesse público é melhor para a população", aponta.

Junto com outras organizações, o Ocupa Maraca e o Tricolores de esquerda lançaram no último dia 25 de agosto o manifesto “Por um Complexo Esportivo do Maracanã Público, Popular e Gerido Democraticamente”.  O documento conta também com a assinatura de deputados estaduais e vereadores, e exige a reparação dos equipamentos esportivos e a investigação imediata dos contratos com as empresas detentoras do consórcio. 

Edição: Raquel Júnia