Paraná

Medicina

Rede de Médicos Populares quer levar a Saúde "onde ela deve estar"

Articulação está em oito cidades do Paraná, com participação de mais de 30 médicos

Brasil de Fato | Londrina (PR) |
"Queremos a Saúde ao lado da população, e não do lado dos empresários e sua máquina industrial", disse Hugo Leme, médico de Londrina
"Queremos a Saúde ao lado da população, e não do lado dos empresários e sua máquina industrial", disse Hugo Leme, médico de Londrina - Sandra José Rodrigues

Já imaginou um projeto de Saúde formado por uma rede de médicos e médicas comprometida com a população, com os movimentos sociais e com o Sistema Único de Saúde (SUS)? Então já pode começar a materializar a ideia, em desenvolvimento no Paraná por meio da Rede Nacional de Médicos e Médicas Populares do Paraná, composta por 33 profissionais, de oito cidades do estado: Curitiba, Francisco Beltrão, Coronel Vivida, Condoí, Londrina, Mauá, Maringá e Foz do Iguaçu.

Segundo Hugo Leme, médico que integra o projeto no estado, a Rede propõe uma Saúde mais próxima à população, que é justamente onde ela deve estar. O médico de 26 anos, participante da Rede em Londrina, explica que a troca de saberes entre os profissionais e o conhecimento popular gera uma ideia diferente sobre saúde, que não esteja concentrado apenas nos detentores da teoria acadêmica e nos gestores políticos, mas que seja partilhado e reforçado com os saberes populares.

Para o profissional, esse processo cria novos laços entre médicos, trabalhadores e a população em geral, fortalecendo a rede de saúde pública e o Sistema Único de Saúde (SUS). Ao mesmo tempo, diante da atual conjuntura política do governo federal, de perda de direitos dos trabalhadores, Hugo Leme acredita ser fundamental a organização em sintonia com os movimentos sociais: "É assim que vamos lutar por uma nova sociedade, para que o povo possa participar das esferas de decisão e do processo de distribuição de riquezas. Queremos a Saúde ao lado da população e não do lado dos empresários e sua máquina industrial, que na reprodução da doença e do sofrimento vêm uma fonte inesgotável de lucros", sintetiza.

Organização

A Rede começou a se organizar em âmbito nacional e a realizar ações em 2015, diante dos retrocessos nas políticas sociais do país, entre elas a Saúde, com cortes de verbas para o SUS. No Paraná, a iniciativa começou no mesmo ano. Um segundo encontro efetivou-se em abril de 2016, no município de Lapa (região sul do estado), reunindo cerca de 20 pessoas. Desde a articulação estadual, foi incentivada a criação de núcleos em cada município. O núcleo de Londrina trabalha principalmente por meio de minicursos, trazendo discussões temáticas e o compartilhamento de conhecimentos sobre a medicina convencional. "Sempre aprendemos muito tanto com as práticas de bioenergia, de fitoterapia e outras formas de observar o processo de saúde-doença e com a vida das pessoas", conta Leme.

Uma das oficinas ocorreu no final de julho, no acampamento Fidel Castro, situado na cidade de Centenário do Sul e organizado pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), com a adesão de 60 pessoas. O tema explorado foi Primeiros Socorros e contou também com a participação de quatro moradores convidados da Ocupação Flores do Campo, de Londrina. "Foi muito importante para o nosso povo, inclusive com o uso de um vocabulário próximo a nós. Esperamos que continuem fazendo esse trabalho conosco por muito tempo", comentou a técnica de enfermagem, Verani Bialozurm Martins, que esteve na atividade em Centenário do Sul e integra o setor de Saúde do MST.

Edição: Ednubia Ghisi