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Privatização do Metrô serve apenas para garantir lucros às empresas, diz sindicalista

Wagner Fajardo, do Sindicado dos Metroviários de São Paulo, explica que subsídio de tarifas penalizará usuários

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Governo paulista apresentou um projeto que destina as duas linhas, 5-Lilás e 17-Ouro, à iniciativa privada
Governo paulista apresentou um projeto que destina as duas linhas, 5-Lilás e 17-Ouro, à iniciativa privada - Divulgação

O projeto de privatização das linhas 5-Lilás e 17-Ouro do Metrô de São Paulo apresentado pelo governo do Estado servirá apenas para garantir lucros sem risco às empresas que concorrem às licitações.

É o que afirma Wagner Fajardo, coordenador geral do Sindicato dos Metroviários de São Paulo. Em entrevista ao Brasil de Fato, ele comentou as propostas estabelecidas nos contratos.

"Essa política tarifária ela é exatamente no sentido de garantir o capitalismo sem risco e garantir que o concessionário não vai perder, ele pode ficar tranquilo que perder ele não perde. A privatização obriga a empresa pública, como no caso do Metrô, para poder ter autonomia de gestão, obriga essa empresa a estabelecer uma política tarifária de equilíbrio entre receita e despesa e mais do que isso, penaliza a população, porque cobra essa diferença da população, uma tarifa alta, disse.

Na mesma linha, possíveis prejuízos aos cofres públicos e possíveis irregularidades no edital foram apresentados em uma representação da bancada do Partido dos Trabalhadores (PT) na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), ao Tribunal de Contas do Estado (TCE).

No documento, os petistas pediram a paralisação do processo de privatização, o que foi acatado pelo TCE. Segundo Wagner Fajardo, a decisão vem em bom momento. A preocupação, de acordo com ele, é que as linhas que o governo pretende privatizar futuramente apresentem os mesmo problemas da Linha 4-Amarela.

A linha ainda tem estações pendentes de entrega e a rotatividade de usuários encontra-se abaixo do estipulado no contrato de concessão. De acordo com o contrato, é o Estado, e não a empresa privada, que teria que arcar com este prejuízo, como explica Forjado.

"A empresa que deveria construir a estação e que atrasou a obra, é sócia do consórcio que está ganhando dinheiro. Então o cara ganha dinheiro porque não fez a obra e ganha dinheiro porque ele vai receber a multa, por não ter operado. E garante a tarifa de usuários que deixaram de usar o sistema", disse.

Para seguir denunciando estes problemas, o Sindicato dos Metroviários de São Paulo organiza uma jornada de lutas para o próximo dia 28 de setembro. A proposta é chamar atenção para o processo de privatização, além de denunciar a demissão de Valter Rocha, funcionário do Metro que, segundo o sindicato, foi injusta e motivada por racismo.

Edição: Simone Freire