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Rádio Nacional da Amazônia completa 40 anos em meio a desmonte da comunicação pública

Sessão comemorativa na Câmara foi marcada por protesto; rádio vem operando com sinal limitado por falta de recursos

Brasil de Fato | Brasília (DF) |

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Gésio Passos, coordenador-geral do Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal, durante o protesto na Câmara
Gésio Passos, coordenador-geral do Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal, durante o protesto na Câmara - Cristiane Sampaio

A sessão solene realizada no plenário da Câmara Federal, nesta quarta-feira (27), para comemorar os 40 anos da Rádio Nacional da Amazônia terminou em protesto. Movimentos populares aproveitaram a data para criticar a política do governo golpista de Michel Temer para a comunicação pública no país.

A Rádio Amazônia enfrenta há seis meses um problema técnico que influencia o alcance do sinal. De acordo com Alberto Terena, da APIB, a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, a situação tem prejudicado o fluxo de informações entre as comunidades da Amazônia e as demais regiões.

Terena ressalta a importância de que o governo tome providências: “Isso se faz necessário porque, quando a Rádio começou a chegar pra nós, nós começamos a ter conhecimento daquilo que não tínhamos antes. E também deu-se a oportunidade de que também os povos indígenas e as comunidades tradicionais pudessem também trazer pros grandes centros as informações que tínhamos nesses lugares mais isolados”, diz. 

A Rádio Nacional da Amazônia é gerenciada pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC), e tem potencial para chegar a mais de 600 municípios, atingindo 23 milhões de ouvintes. Mas, no atual contexto, o sinal chega apenas a algumas sub-regiões amazônicas.

O diretor de Operações, Engenharia e Tecnologia da empresa, José de Arimatéia Araújo, explica que o problema foi causado por raios que atingiram o sistema de transmissores.

“É uma estrutura montada há 40 anos e ela não sofreu modernização nem atualização. E nós, a direção da casa, estamos envidando esforços para soluções definitivas desse problema. Temos que voltar a cumprir a nossa missão social na região, e isso dá despesa. O governo tem que assumir esse ônus”, diz.

A EBC vem enfrentando desde o ano passado uma política de remodelação da estrutura administrativa que tem provocado protestos de funcionários e segmentos defensores da comunicação pública. O coordenador-geral do Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal, Gésio Passos, que também é repórter da Rádio Nacional, diz que a política governista tem “asfixiado” a EBC.

“A Empresa Brasil de Comunicação hoje está sendo atacada diretamente pelo governo e pela sua própria diretoria pra limitar os serviços que são oferecidos à população. Não ter recursos pra resolver o problema dos transmissores mostra a incapacidade tanto da direção quanto do governo federal de dar a importância devida à comunicação pública”, ressalta.

A EBC, assim como os outros setores da administração pública federal, vem sendo atingida pelo ajuste fiscal do governo. O orçamento de R$ 700 milhões previsto para este ano, por exemplo, sofreu contingenciamento e a empresa teve parte da verba bloqueada.

Edição: Vanessa Martina Silva