Fotografia

Exposição sobre populações negras da Amazônia estreia neste sábado em São Paulo

(Re)Conhecendo a Amazônia Negra: Fotógrafa Marcela Bonfim resgata cultura negra e quilombola em série de 55 imagens

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Menino brincando em comunidade ribeirinha de Nazaré - RO
Menino brincando em comunidade ribeirinha de Nazaré - RO - Marcela Bonfim

Com um acervo de 55 imagens, a exposição (Re)Conhecendo a Amazônia Negra traz, nas captações das lentes da fotógrafa Marcela Bonfim, um resgate da resistência e cultura negra e quilombola amazônica. O trabalho passou pelos estados de Rondônia e do Pará durante o ano passado e, neste sábado (7), chega à Caixa Cultural, em São Paulo.

Marcela Bonfim é paulistana, mas mora em Rondônia há sete anos. A mudança para a cidade se deu após o término da faculdade, quando a dificuldade na busca por emprego em São Paulo fez com que ela tivesse que encarar sua negritude e, consequentemente, o racismo. Em entrevista concedida ao Brasil de Fato em no ano passado, a fotógrafa contou a importância que o projeto teve na formação de sua própria identidade.

Formada em economia na PUC-SP, Marcela conta que, desde a infância, se considerou uma "negra embranquecida", na tentativa de ser aceita pelos colegas. Já na cidade de Porto Velho, ela começou a fotografar homens, mulheres e crianças do Vale do Guaporé, em busca da beleza da estética negra:

“Ao mesmo tempo em que é um resgate da minha história pessoal, é uma militância, aquela militância que eu nunca fiz.  A gente precisa reconhecer essa negritude amazônica, que é uma negritude esquecida. Eles [negros e negras] construíram a Amazônia, só que ninguém fala sobre isso. Ao mesmo tempo, o projeto também é essa tábua de salvação comigo mesma. Ele traz um pouco de dignidade não só pra mim, como para outros negros da Amazônia”.

As fotos foram tiradas no ano de 2013, período em que Marcela percorreu locais como quilombos, comunidades indígenas, penitenciárias, festejos religiosos e terreiros de candomblé. Foi aí que conheceu a história dos barbadianos, primeiros negros assalariados que chegaram no Brasil, vindo para a construção da estrada Madeira Mamoré: “Os negros do Maranhão e do Pará foram fluxos extremamente importantes, eles construíram Rondônia: as edificações, a borracha, o garimpo, a lavoura. A gente entra pelas linhas rurais, ela é toda negra, só que a terra não é do negro, a mão de obra é negra”.

Serviço:
Local: CAIXA Cultural São Paulo - Praça da Sé, 111 – Centro – São Paulo – SP – (próxima à estação Sé do Metrô)
Abertura: Sábado, 7 de outubro, às 11 horas
Duração: De 7 de outubro a 17 de dezembro (terça-feira a domingo), das 9h às 19h
Entrada gratuita

Edição: Vanessa Martina Silva