Mobilização

Artigo | Greve na Rede Minas e Rádio Inconfidência: por quê?

"Há tempos os sindicatos tentam resolver a situação do trabalhador que ainda pena com as péssimas condições de trabalho"

Brasil de Fato | Belo Horizonte (MG) |
Governo cancelou pela segunda vez uma reunião ordinária com o Conselho Curador da Rede Minas
Governo cancelou pela segunda vez uma reunião ordinária com o Conselho Curador da Rede Minas - Jornalistas de Minas

Em tempos de perda de direitos e ameaças aos trabalhadores, os servidores da Rádio Inconfidência e TV Minas decidiram, em assembleia conjunta, entrar em greve por melhores salários e condições dignas de trabalho. Nas duas emissoras, os salários são super baixos. No caso da Rede Minas, os vencimentos são inferiores ao piso dos servidores públicos, jornalistas e radialistas.

Continua após publicidade

Cerca de 80% dos servidores da TV ganham cerca de R$ 1.200 para os radialistas e R$ 2.100 para jornalistas de salário bruto para uma jornada de 40 horas semanais. No caso da rádio, houve ameaça de corte da recomposição salarial de 4,57% concedidos em agosto, e o não cumprimento de todas as cláusulas da Convenção de Trabalho, já que o abono no valor de R$2000,00 não foi pago ao trabalhador, mas graças a pressão conjunta dos sindicatos dos radialistas, dos jornalistas e servidores públicos, houve recuo do governo e o reajuste foi mantido.

Há tempos os sindicatos das duas categorias tentam resolver a situação do trabalhador que ainda pena com as péssimas condições de trabalho no prédio suntuoso, inaugurado pelo governador Fernando Pimentel (PT) em junho deste ano, mas sem condições dignas de trabalho, com ar condicionado congelante ou então desligado, cobrança de 200 reais mensais para estacionar no prédio, cuja garagem vive vazia. Um bicicletário previsto no projeto arquitetônico, que não foi executado. Um prédio em que o forro despenca em cima de uma câmara recém comprada para a Rede Minas, em que estúdios estão sem condições plenas de uso por causa do descompasso entre a voltagem dos equipamentos e a rede elétrica da edificação.

Do que adianta um belo prédio se quem trabalha lá dentro não tem salário digno, sofre com uma jornada extenuante, e os equipamentos são sucateados?  

Ainda falta transparência na condução da comunicação pública, os trabalhadores são alijados dos processos de decisão sobre a Empresa Mineira de Comunicação- EMC, criada há um ano pelo governo do estado, que vai unir a Rádio Inconfidência e a Rede Minas.

No caso da TV, inúmeras reuniões já foram feitas, mas nada avança há mais de três anos, apesar da promessa de campanha, onde o governador se comprometeu em valorizar a comunicação pública. Os trabalhadores cansaram de promessas vagas e vãs.

Como se não bastasse a desvalorização do trabalhador, o governo cancelou nesta terça-feira, pela segunda vez, uma reunião ordinária com o Conselho Curador da Rede Minas, que é prevista em lei para acontecer de 3 em 3 meses.

Reivindicações dos trabalhadores

Servidores da Rede Minas pedem adequação da carga horária de 40 para 30 horas semanais, sem redução salarial. 

Os trabalhadores da Rádio Inconfidência querem a aplicação da convenção de trabalho, com o pagamento do Abono Salarial, no valor de R$2.000,00. Lembrando que a Convenção foi aprovada em junho e assinada pela Rádio.  

Além disso, o trabalhadores da Rádio e TV, pedem a revisão do Plano de Cargos e Salários vigentes, com a participação de representantes dos sindicatos na elaboração do PCS. 

Os trabalhadores pedem que a criação da Empresa Mineira de Comunicação seja feita de modo transparente, com a participação dos funcionários e representantes dos sindicatos, e que tenhamos acesso ao Estatuto da Empresa, e da criação do Conselho Curador. 

*Alessandra Mello é presidente do Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais (SJPMG), Brenda Marques é diretora do SJPMG e da ASPREM (Associação dos Servidores Públicos da Rede Minas) e Lina Rocha é diretora do SJPMG e servidora da Rádio Inconfidência 

Edição: Frederico Santana