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Coluna | Onda de censura chega também às novelas

Já existem projetos de lei que dizem o que pode e não pode ser mostrado na TV

Brasil de Fato | Belo Horizonte (MG) |
Se essa onda pega, perderemos em diversidade, qualidade e inteligência em nossas novelas e produções artísticas, de forma geral
Se essa onda pega, perderemos em diversidade, qualidade e inteligência em nossas novelas e produções artísticas, de forma geral - Reprodução

Ninguém ficou sem notar a barulhenta “onda de censura” a diversas exposições e manifestações artísticas nas últimas semanas no Brasil. Protagonizada por grupos com um fundamentalismo religioso e conservadorismo caricato e, por vezes, violento, essa onda cresce na sociedade.

Nas novelas - que também são um produto artístico - essa tentativa de censura demagógica e moralizante não é tão nova. Diversas tramas já foram acusadas de “deturpar os valores da família” e de “fazer apologia” a isso e àquilo. E claro, com essa nova onda, as novelas não ficariam de fora. 

A forma como esses grupos agem é de pressão e imposição daquilo que consideram “decente”, de acordo com a sua visão religiosa e conservadora. Os temas que mais os incomodam geralmente pertencem ao universo LGBT e a sexualidade, especialmente a das mulheres. Em recente vídeo, um pastor deputado federal acusou a Globo de ensinar como “traficar”, “a trair o marido ou a esposa”, bem como de confundir as crianças sobre o gênero e a sexualidade ensinada pelos pais e pela Igreja. Inclusive, é bom sabermos, as bancadas políticas desses grupos vêm propondo projetos de lei que dizem o que pode e não pode ser mostrado na TV.

As novelas, gostemos delas ou não, têm um papel social importante, que é explorado pelos seus autores e diretores, ao expor dramas e realidades diversas. Se, por exemplo, uma novela concede a aparição de figuras LGBTs, é por saber que o debate acerca da sexualidade e do gênero já está instaurado na sociedade. Temos nossas críticas ao papel político das grandes emissoras na conjuntura atual, mas não podemos fechar os olhos para esses ataques de viés moralizante... 

Se essa onda pega, perderemos em diversidade, qualidade e inteligência em nossas novelas e produções artísticas, de forma geral. Imagina só como ficariam as tramas, sem as suas polêmicas, sem as novidades, sem a liberdade: ficariam chatas! 
Fiquemos atentos!

Um abraço.

*Felipe Marcelino é coordenador da distribuição do Brasil de Fato MG.

Edição: Joana Tavares