Comunicação

Greve paralisa jornalistas e radialistas da EBC em quatro estados

Trabalhadores protestam contra falta de reajuste salarial, corte de benefícios e desmonte da comunicação pública

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Trabalhadores da EBC em assembleia nesta terça em Brasília (DF)
Trabalhadores da EBC em assembleia nesta terça em Brasília (DF) - Divulgação

No primeiro dia de greve na Empresa Brasil de Comunicação (EBC), nesta terça-feira (14), jornalistas e radialistas paralisaram as redações em São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro e Maranhão.

Os profissionais protestam contra a falta de reajuste salarial e a retirada de direitos do Acordo Coletivo propostos pela direção da EBC. Os trabalhadores denunciam ainda o corte de benefícios, como vale-refeição, auxílio-creche, auxílio para pessoas com deficiência e o vale-cultura.

O diretor do Sindicato dos Jornalistas do Rio de Janeiro, Marcos Pereira, afirma que o diálogo com a EBC não avançou mesmo após oito rodadas de negociação: "A empresa continua apresentando 0% de reajuste e a retirada de vários direitos, já em cima da reforma trabalhista que entrou em vigor no último sábado [11 de novembro]".

A expectativa dos sindicatos é de que 70% do quadro efetivo da empresa tenha aderido à mobilização. Em alguns setores, a paralisação chegou a 100%, como repórteres cinematográficos e operadores de câmera.

Em nota enviada ao Brasil de Fato, a assessoria de imprensa da EBC afirmou que a direção da empresa mantém "o firme propósito" de negociar com as entidades representativas dos profissionais, mas que a demanda de reajuste salarial, como empresa pública, "segue limites impostos pelas dificuldades orçamentárias, decorrentes da crise econômica que afeta o país".

O texto da empresa diz ainda que o Acordo Coletivo de Trabalho tem que se adequar às novas regras impostas pela reforma trabalhista. "A realização de homologações das rescisões de contrato nos sindicatos, por exemplo, perdeu a obrigatoriedade, assim como o desconto referente a um dia do salário dos empregados como contribuição assistencial para os sindicatos."

Priscilla Chandretti, do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, diz que diálogo com a empresa tem sido difícil: "A gente enfrenta, por parte da empresa, muita deslealdade na discussão. A empresa solta comunicados que não representam o que está acontecendo na mesa da negociação, ameaça trabalhadores que tenham gratificação. E frente a isso, os trabalhadores têm mostrado bastante união e força".

Gésio Passos, que é coordenador do Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal, afirmou que os trabalhadores estão em greve não apenas pela valorização dos profissionais, mas também em defesa da comunicação pública e contra o desmonte da empresa.

"Além disso, a própria linha editorial adotada pela diretoria é muito próxima à base do Planalto, o que desrespeita totalmente a legislação para qual ela foi criada. A EBC hoje vive um processo de censura nas redações e há um grande ataque, por meio de assédio moral, aos trabalhadores", denuncia.

No ano passado, governo golpista de Michel Temer (PMDB) editou a Medida Provisória 744, que alterou a estrutura da empresa e dissolveu o Conselho Curador da EBC e, em uma de suas primeiras medidas no poder, Temer exonerou o ex-diretor-presidente da EBC, Ricardo Pereira de Melo.

Nesta terça, os profissionais dos quatro estados realizaram assembleias que reafirmaram a continuidade da paralisação até a próxima rodada de negociação, prevista para quinta-feira (16). Na data, haverá um ato público em frente à sede da empresa no Rio de Janeiro (RJ).

Edição: Vanessa Martina Silva