Armazém do Campo

MST inaugura loja de orgânicos em Belo Horizonte

Mais de 90% dos produtos da loja são feitos em assentamentos da reforma agrária

Brasil de Fato | Belo Horizonte (MG) |

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Fachada da loja Armazém do Campo, em Belo Horizonte
Fachada da loja Armazém do Campo, em Belo Horizonte - David Robins

Não é de hoje que a população tem buscado cada vez mais se afastar dos produtos contaminados por agrotóxicos. E entre os refúgios contra este veneno, o Armazém do Campo, loja de alimentos orgânicos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, vem ganhando destaque e se expandindo Brasil a fora.

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Neste sábado (25), o Movimento inaugurou sua terceira loja, desta vez na cidade de Belo Horizonte, capital de Minas Gerais - a primeira está localizada no Mercado Municipal de Porto Alegre e a segunda, que já funciona há mais de um ano, é o Armazém do Campo de São Paulo, no centro da capital paulista. 

O Armazém de Belo Horizonte, localizado na região central da cidade, entre as avenidas Augusto de Lima e Contorno, abre suas portas oferecendo mais de 250 produtos, entre cafés, doces de leite, sucos de uva, cervejas artesanais e o famoso arroz orgânico do MST, que se tornou o maior produtor do cereal em toda a América Latina.

A mineira Edi Faria de Almeida, destaca que Belo Horizonte e os mineiros precisavam de uma loja como essa. "É uma oportunidade que nós temos de comprar alimentos sadios, sem agrotóxicos, sem conservantes e, além do mais, é a forma de nós da cidade ajudarmos essa luta tão difícil, tão heróica, tão persistente dos trabalhadores sem terra", comenta.

Contribuir com a luta dos camponeses do MST também é um dos motivos que trouxeram Altair Moreira ao Armazém do Campo na manhã deste sábado. Ele levou para casa feijão, chicória e mel. “No momento que nós estamos vivendo hoje, é importante você marcar esse terreno, que o MST, acima de tudo, produz produtos importantes para a alimentação e tudo orgânico", diz o mineiro.

Mais de 90% dos produtos que estão na loja, são produzidos em assentamentos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra espalhados por todo o Brasil. Para Ademar Schusk, dirigente do setor de produção do MST e coordenador do Armazém do Campo, essa é a filosofia que norteia o funcionamento dos estabelecimentos do Movimento.“O Armazém do Campo tem como filosofia a venda de produtos vindos de assentamentos de reforma agrária, priorizando os produtos que são orgânicos”. Praticamente 80% da nossa loja é orgânica. Os que ainda não são orgânicos estão em processo de transição.

O ato político que marcou a abertura da casa teve falas de movimentos parceiros como o Movimento dos Atingidos por Barragem, o MAB, políticos locais e também artistas mineiros como Aline Calixto e Flávio Renegado, que lembraram a infeliz liderança brasileira, como um dos principais consumidores de agrotóxicos do mundo.

Segundo Rogério Correia, deputado estadual de Minas Gerais pelo Partido dos Trabalhadores, ao comprar produtos do Armazém do Campo, os consumidores adquirem produtos de qualidade, sem agrotóxicos e ainda incentivam o trabalho no campo.

"Lá eles ganham a vida, lá os filhos vão para a escola, estudam. É outro programa, que é o programa da agricultura familiar, que é o oposto do agronegócio. A produção de alimento ela é feita em 70% pela agricultura familiar, que é um novo modelo. Quando você compra aqui na cidade, você está incentivando que se tenha um novo modelo de desenvolvimento, que traz justiça social", diz.

A abertura da nova casa de orgânicos de Belo Horizonte se estende até domingo, com muita música, debates e claro, produtos da melhor qualidade, advindos de assentamentos da reforma agrária. Neste sábado, a programação se estende até às 21h30, com roda de samba, forró e um show da banda Di Souza.

No domingo, a programação começa às 8h da manhã com uma celebração ecumênica e se estende até às 17h30, com roda de samba e uma apresentação que começa a dar o gostinho do carnaval para os mineiros, com o Bloco Volta Belchior. 

Edição: Anelize Moreira