Direitos Humanos

Governo hondurenho decreta toque de recolher

Governo aumenta as medidas de repressão contra os manifestantes que denunciam fraude nas eleições presidenciais

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Manifestantes saem às ruas de Tegucigalpa, capital hondurenha, para exigir respeito aos resultados eleitorais
Manifestantes saem às ruas de Tegucigalpa, capital hondurenha, para exigir respeito aos resultados eleitorais - Marcha

O governo hondurenho anunciou na noite desta sexta-feira (1), a suspensão de direitos constitucionais durante dez dias, a través de um toque de recolher das 18:00 às 06:00. A medida foi anunciada em cadeia nacional, pelo secretário coordenador geral do governo, Jorge Ramón Hernández, que afirmou que os motivos da medida são os protestos populares que começaram depois das eleições presidenciais.

“Em um conselho de ministros foi aprovada a suspensão das garantias constitucionais para que as Forças Armadas e a Polícia Nacional possam combater a onda de violência que surgiu no país”, justificou o secretário do conselho de ministros, Ebal Díaz. 

Na terça-feira (28), dos dias após a eleição e com 78% dos votos contados, o candidato da oposição pela Alianza de Oposición contra la Dictadura, composta pelo Partido Libertad y Refundación (Libre) e o Partido Innovación y Unidad (PINU-SD), levava uma vantagem de mais de 5% do, também candidato, e atual presidente Juan Orlando Hernández. O presidente do Tribunal Supremo Eleitoral (TSE), David Matamoros, chegou a declarar que Nasralla era o “virtual vencedor” das eleições. No entanto, Hernández e o Partido Nacional (ao qual pertence), se declararam vencedores, com base em pesquisas de boca de urna.

Na quarta-feira (29), o TSE hondurenho anunciou uma "falha no sistema", após publicar uma contagem em que por primeira vez, Hernández passava a liderar a contagem de votos. Com 82,89 % dos votos processados, Hernández teria 42,21 %, dos votos contra 42,11 % de Nasralla. O candidato opositor considerou a falha uma armadilha para roubar seu triunfo.

Matamoros, anunciou que a eleição só será definida agora quando finalizar a "contagem especial”, que consiste na análise de atas de votação que apresentam problemas de dados. 

Indignação nas ruas

As manifestações em defesa da vitória de Nasralla começaram a surgir em diversas regiões do país já no começo da semana. Os protestos foram rapidamente reprimidos pela Polícia Nacional Anti-Motim e a Polícia Militar. A repressão causou, até o momento, pelo menos onze mortes de manifestantes, e mais de uma centena de detidos. 

Em entrevista aos jornalistas populares em Honduras, Dick y Mirian Emanuelsson, o coordenador da Frente Nacional de Resistência Popular e deputado eleito pelo partido Libertad y Refundación (Libre), Juan Barahona disse que os hondurenhos saíram as ruas para denunciar uma tentativa de “fraude eleitoral” do governo hondurenho. 

“O Tribunal pretende roubar de nós o triunfo de Salvador Nasralla. O povo hondurenho já se expressou no domingo com seu voto nas urnas e manifestou que o presidente dos próximos quatro anos se chama Salvador Nasralla. Estão manipulando os dados, registrando somente os dados das urnas que favorecem Juan Orlando Hernández, e excluindo as que favorecem Salvador Nasralla. Essa manipulação é um roubo. Por isso estamos nas ruas, a postos para defender este triunfo nas ruas”, disse Barahona. 

*Com informações da TeleSul, Resumen Latinoamericano e Marcha
 

Edição: Mauro Ramos