Caravana

Em Itaboraí, Lula denuncia abandono do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro

O ato faz parte da programação de sua caravana Lula Pelo Brasil, que visita o estado

Brasil de Fato | Itaboraí (RJ) |
De 30 mil trabalhadores, completo tem hoje apenas 600 que  realizam a manutenção do espaço.
De 30 mil trabalhadores, completo tem hoje apenas 600 que realizam a manutenção do espaço. - Foto: Ricardo Stuckert

O Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), que abrigou mais de 30 mil trabalhadores, teve suas obras paralisadas em 2014. Hoje, apenas 600 trabalhadores realizam a manutenção do espaço.

Joelson dos Santos, que trabalhou na construção do empreendimento, ficou desempregado após o seu fechamento. Segundo ele, não há expectativas de voltar a trabalhar se as obras do Comperj não forem retomadas.

“É muito triste ver um canteiro de obra como esse parado e a gente desempregado. Não tem expectativa de nada, nem sabemos como vamos fazer. Por isso viemos aqui para apoiar a retomada do Comperj. O Lula vindo em 2018 estamos juntos fortalecendo”, afirma.

Nesta quinta-feira (7), como parte da programação da Caravana Lula Pelo Brasil que, nesta edição, visita os estados do Espírito Santo e Rio de Janeiro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva denunciou o abandono do complexo, que seria o maior empreendimento da história da Petrobras.

 

“Quando pensamos Comperj, idealizamos uma mistura de refinaria com indústria petroquímica. Escolhemos Itaboraí porque todo mundo sabe que essa região é empobrecida. Aqui do lado tem São Gonçalo, uma cidade historicamente esquecida. Não é correto esse empreendimento estar parado. Se estivesse produzindo quantos empregos e renda estaria gerando? O Comperj parado só dá prejuízo e desespero”, afirmou ex-presidente em seu discurso.

Histórico

O Comperj teve suas obras paralisadas há três anos, com cerca de 85% do projeto concluído e mais de R$ 54 bilhões investidos. A Petrobras optou por parar a construção do complexo a partir da repercussão das investigações da Operação Lava Jato.

Ao lado de Lula durante o ato, o coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), José Maria Rangel, afirmou que a maneira como foram conduzidas as investigações da Operação Lava Jato destruiu a cadeia de óleo e gás no país. ele também fez críticas à atual gestão da Petrobras, presidida atualmente por Pedro Parente.

“Cada dia que passa, a conta fica mais cara para nós trabalhadores. O Comperj é uma saída para gerar emprego e renda para nosso povo em uma região tão carente. Temos que exigir a retomada de suas obras e nos contrapor à política entreguista de Pedro Parente na Petrobras, que pesa no nosso bolso através dos inúmeros reajustes no combustível e gás de cozinha”, acrescentou.

Em janeiro deste ano, após anunciar que as obras do Comperj seriam retomadas, a Petrobras abriu concorrência no valor de R$ 2 bilhões. foram convidadas 30 empresas, todas estrangeiras.

Em julho, uma parceria com a chinesa CNPC foi confirmada pela estatal. Em seu discurso, Lula fez crítica a esta iniciativa. “Eu vim aqui para mostrar essa imagem, de uma coisa que poderia estar deslanchando, mas está sendo entregue quase de graça para os chineses. [...] Eu quero provar que outra vez um metalúrgico vai recuperar esse país para os brasileiros”, concluiu o ex-presidente.

Em nota, a Petrobras disse que apenas foi assinado um “memorando de entendimentos para iniciar negociações com o objetivo de fazer uma parceria estratégica”. A empresa não deu mais detalhes sobre a parceria ou o futuro do Comperj.

Edição: Simone Freire