Bahia

EDITORIAL

Animai-vos povo bahiense, o Brasil de Fato chegou!

O nosso desejo é de estar nos quatro cantos da Bahia: ruas e ladeiras, campo e cidade, fábricas e escolas

Brasil de Fato | Salvador (BA) |
O Brasil de Fato Bahia se coloca-se  à disposição para fortalecer um projeto soberano, democrático e popular para o Brasil.
O Brasil de Fato Bahia se coloca-se à disposição para fortalecer um projeto soberano, democrático e popular para o Brasil. - Carolina Guimarães

“Homens, o tempo é chegado para a vossa ressurreição, sim para ressuscitareis do abismo da escravidão, para levantareis a sagrada Bandeira da Liberdade.”

O ano era 1798. Palavras que denunciavam as opressões e anunciavam a esperança. Trechos dos chamados “boletins sediciosos”. Panfletos pelas ruas da “cidade da Bahia” (como Salvador era conhecida), afixados em locais estratégicos, como forma de preparar o levante popular que ficou conhecido como Revolta dos Búzios ou dos Alfaiates. À época, a opinião escrita e a imprensa eram proibidas. Mesmo assim, há 219 anos, o povo baiano, organizado em luta, utilizou-se dos seus “jornais” para reivindicar independência, democracia, igualdade de direitos e o fim da escravidão.

Assim como na Revolta dos Búzios, em outros momentos os impressos foram utilizados pelo povo baiano para expor os seus ideais, como no “Sentinela da Liberdade”, jornal produzido pelo jornalista e médico do povo, Cipriano Barata. Acreditamos que esses sejam, de alguma forma, os antepassados desse que chega a suas mãos, o Brasil de Fato Bahia. Uma iniciativa construída por movimentos populares e sindicatos, num esforço coletivo para amplificar as vozes, rostos e cores do povo brasileiro. O nosso desejo é de estar nos quatro cantos da Bahia. Ruas e ladeiras, campo e cidade, fábricas e escolas. Um jornal distribuído gratuitamente para a população. Para enfrentar o monopólio da mídia e contrapor a narrativa dominante sobre os fatos.

Sabemos que não será missão fácil. Ainda mais em um estado onde o monopólio da comunicação foi, e é, parte dos entulhos da ditadura. O neoliberalismo incorporou e reproduziu todas as marcas e heranças do escravagismo e patriarcado. E o autoritarismo é prática e costume da nossa elite. Contudo, a nossa herança e legado são de resistência. Temos uma cultura viva e diversa. E um povo que aprendeu, desde cedo, a lutar por sua liberdade.

Vivemos uma contraofensiva neoliberal e sofremos uma derrota estratégica. Um golpe que faz crescer o entreguismo e o conservadorismo. O povo e a nação acumulam perdas diárias. A desigualdade aumenta e o país se encontra em uma encruzilhada. Coloca-se diante de nós o dilema de nos realizar ou não como uma nação soberana. São tempos nos quais acumulamos derrotas e, as vitórias, são manter o que conquistamos. Tempos de resistência e unidade. Contudo, as condições de vida do povo e a crise política que se agrava, criam um potencial explosivo imprevisível.

Contrariando os planos dos nossos inimigos, Lula segue aumentando o apoio no seio do povo. Construímos a maior greve geral da história do Brasil e precisamos reconquistar a nação para um projeto de país. Desse modo, inspirados pelos anseios de 1798, o Brasil de Fato Bahia, se coloca à disposição para fortalecer um projeto soberano, democrático e popular para o Brasil.

Numa manhã de domingo, 12 de agosto de 1798, o boletim anunciava a esperança ao povo bahiense: “Animai-vos, ó povo bahiense. Está para chegar o tempo feliz da nossa liberdade. O tempo em que todos seremos irmãos. O tempo em que todos seremos iguais".

Carregaremos os nossos sonhos, na forma de imagens e palavras. Esse é o Brasil de Fato!

Edição: Elen Carvalho