Câmara Federal

Oposição anuncia "paralisação política" contra reforma da Previdência

Objetivo é obstruir todas as votações para fazer governo Temer retirar PEC 287 de pauta; matéria tem placar incerto

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
Antes de anunciar decisão pela obstrução das pautas, oposição se reuniu com representantes populares na Câmara
Antes de anunciar decisão pela obstrução das pautas, oposição se reuniu com representantes populares na Câmara - Gustavo Bezerra/Liderança do PT na Câmara

Os deputados federais contrários à reforma da Previdência vão obstruir todas as votações na Câmara Federal a partir desta terça-feira (12). A decisão foi comunicada no período da tarde, durante uma entrevista coletiva concedida à imprensa na Casa.

O líder da minoria, José Guimarães (PT-CE), disse que a iniciativa é uma "paralisação política" para protestar contra a reforma. "Nós envidaremos todos os esforços para pavimentarmos uma obstrução dura, segura para evitarmos a votação", completou. 

De acordo com o líder, a decisão foi tomada pelo grupo a partir de um diálogo com segmentos da sociedade, como centrais sindicais e movimentos populares.

A ideia é massificar a pressão contra o Planalto, para desidratar ainda mais a base de apoio que defende a reforma. A matéria tramita na Câmara com o nome de Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 287.

Considerada a pauta mais impopular do Planalto, a PEC encontra resistência dentro da própria tropa de choque do governo. Por conta disso, a votação tem sofrido constantes adiamentos.

Para aprovar o texto, são necessários 308 votos. Na semana passada, o governo chegou a dizer que espera o apoio de cerca de 330 parlamentares, mas o número é contestado pela oposição, que projeta um total de 270 votos contra a reforma. De acordo com José Guimarães, os cálculos indicam que os votos da base não chegariam a 241.

A instabilidade em torno do possível placar tem tido forte ressonância na agenda parlamentar, que está voltada especialmente para a PEC. "Não há risco de eles terem os 308 votos e o Congresso não pode ficar nesta paralisia esperando a boa vontade de quem quer que seja", criticou o líder.

A líder do PCdoB na Câmara, Alice Portugal (BA), destacou que a obstrução da pauta está em sintonia com os desejos da sociedade. "É um projeto que não é da vontade da nação brasileira, por isso a nossa obstrução é consciente", ressaltou. 

A oposição informou que pretende voltar à normalidade dos trabalhos somente se o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), desistir de colocar o texto em votação este ano. A expectativa é de que a PEC perca o apoio de mais deputados se ficar para 2018, por ser um ano eleitoral. 

Edição: Vanessa Martina Silva