Comemoração

Em noite de festa, MST convida amigos a conhecer espaço de formação e produção

Entidades da sociedade civil e organizações foram convidados a visitar o Assentamento Normandia

Brasil de Fato | Caruaru (PE) |
Os visitantes conheceram uma área de 50 hectares, onde 10 famílias assentadas plantam milho, macaxeira, abacaxi e palma.
Os visitantes conheceram uma área de 50 hectares, onde 10 famílias assentadas plantam milho, macaxeira, abacaxi e palma. - Rani de Mendonça

Há 24 anos, o Assentamento Normandia é referência em trabalho coletivo e ocupação de terra em Pernambuco. Em 1993, no Dia do Trabalhador, 179 famílias ocuparam a fazenda na zona rural de Caruaru, no Agreste Central do estado. Em 1997, depois de greve de fome feita por militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), na sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Normandia passou a ser reconhecido como assentamento. Hoje, o espaço conta com uma Agrovila, uma Agroindústria e um Centro de Formação com 52 alojamentos, um auditório e cozinha coletiva.

Foi para conhecer melhor este cenário que a atividade “Encontro dos amigos e amigas do MST” aconteceu na quarta-feira (13.12). Entidades da sociedade civil e organizações que militam juntos com o MST foram convidados a visitar os espaços e aprender tudo sobre o que é produzido na área do Assentamento, como parte da programação do 27º Encontro Estadual do MST PE. Guiados por Jailson, que é militante do movimento e assentado, os visitantes começaram a entender como é o processo organizativo pela Horta, que é no formato de mandala e é cuidada pelos educandos das turmas do projeto Pé no Chão, uma iniciativa do MST que procura associar alfabetização, formação política e instrução de práticas agrícolas. Tudo que é colhido da mandala é consumido no próprio assentamento.

Logo depois foi a vez de conhecer uma parte dos 50 hectares de terra de produção coletiva e individual, onde um grupo de 10 famílias assentadas plantam milho, macaxeira, abacaxi, palma (planta que serve para alimento dos animais) e criam animais como ovelhas, cavalos e bois. “A terra do semiárido é uma das melhores de se plantar no Brasil. O grande problema que temos são os períodos de estiagem, mas que a gente vem criando formas de lidar com isso. Como, por exemplo, nos prevenindo com uma enorme quantidade de ração animal feita com as palhas dos milhos que colhemos, o que chamamos de silos”, conta Jailson. A agrovila é onde moram cerca de 41 famílias assentadas, todas elas produzem e trabalham em alguma instância do assentamento. Além de possuírem terra para plantar e cuidar dos animais, as famílias se organizam nos trabalhos coletivos na Agroindústria, nas feiras agroecológicas e também no Centro de Formação.

A agroindústria é uma parte de extrema importância para a vida em coletividade proposta pela ideologia do assentamento. Jailson conta que “foi uma conquista da classe trabalhadora e que hoje beneficia produtos de mais de 200 pequenos agricultores de Caruaru, que são assentados e que não são". "Neste ano ganhamos uma chamada pública para fornecer esses produtos para a merenda escolar da cidade.”, diz.

No local, os produtos como jerimum, macaxeira e inhame são descascados, embalados e congelados. Além disso, há produção de bolos e do novo produto denominado “kit sopa”, que contém verduras selecionadas, descascadas e conservadas no vácuo para o preparo do prato tão conhecido. De lá as mercadorias seguem para serem consumidas nas escolas de Caruaru, em restaurantes e vendidas em mercados tradicionais e em feiras agroecológicas promovidas pelo próprio MST. “Aqui nossa política tem uma preocupação com a qualidade e também com o preço, porque queremos produzir alimentos saudáveis, mas que o trabalhador lá da ponta consiga consumir esse alimento. Acreditamos que a cidade e o campo precisam se unir e só assim vamos conseguir”, ressalta Jailson.

Os recifenses que querem consumir os Produtos Normandia podem ir à Feira Agroecológica que acontece todas as quartas-feiras na Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP). A instituição fica na Rua do Príncipe, no bairro da Boa Vista. A feira é sempre no Hall do bloco G e começa a partir das 6h e vai até às 18h.

Edição: Monyse Ravena