Cultura & Identidade

'Calendário Drag 2018' é lançado em Brasília

Voltada para a divulgação da arte drag, iniciativa busca dar visibilidade à causa

Brasília-DF |

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Calendário Drag 2018 foi lançado na noite de terça (20), no Museu Nacional da República, em Brasília
Calendário Drag 2018 foi lançado na noite de terça (20), no Museu Nacional da República, em Brasília - Mídia Ninja

A cena drag de Brasília ganhou, nessa terça-feira (19), uma purpurina a mais: o Calendário Drag 2018. O material foi produzido pelo coletivo Distrito Drag e busca dar visibilidade à causa, rompendo com a ideia de que a atuação das personagens se restringe a espaços sociais tradicionalmente marginalizados. 

Segundo Maria Rojava, uma das organizadoras, ao confrontar o estereótipo difundido amplamente pela mídia tradicional e cristalizado no imaginário popular, a iniciativa fortalece a ideia de que o mundo drag vai além das aparências. 

"Não é errado ir só pra TV ou ir só pra boate, mas é importante a gente ter uma visão do que está além disso", diz.

A iniciativa, que é pioneira no Distrito Federal, contou com a colaboração de dez fotógrafos e 18 modelos drag. Ao longo de mais de dois meses de trabalho, eles produziram fotos relacionadas às diferentes temáticas, que vão desde a luta contra a Aids e pela consciência negra até o debate sobre a importância da água como recurso a ser preservado. Cada mês do ano é relacionado a um tema. Segundo a artista Ruth Venceremos, a ideia é inserir as drag queens nos diversos debates do cenário nacional.  

"É pra gente se colocar como sujeitos políticos que estão aí também pra debater os temas da sociedade, pra se posicionar em relação a esses temas", comenta.

Para o pesquisador Cleyton Feitosa, do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília (UnB), a iniciativa é relevante para a própria comunidade drag e também para parte da sociedade que não está inserida nesse debate. 

"É um momento em que a gente se encontra, se confraterniza; e, pra sociedade mais ampla, que não faz parte da população LGBT, também é interessante porque estabelece diálogo, pontes, que podem resultar em mais reconhecimento, em mais solidariedade", analisa. 

Tonhão Nunes, que vive a arte drag há cerca de um ano e meio, foi uma das convidadas para posar para o calendário. A artista conta que se sentiu lisonjeada diante da possibilidade de expor o trabalho para além dos palcos da cena brasiliense. 

"É uma coisa incrível. A gente aparece pra quem quiser ver, representando nosso mês, nossa vida, nossa existência, nossa política", comemora.

O Calendário Drag tem ainda um viés solidário: o dinheiro das vendas será doado à Casa Rosa, uma instituição de Brasília que acolhe membros da comunidade LGBT que são expulsos de casa. Os pontos de venda do material estão disponíveis na página do Distrito Drag no Facebook. 

Edição: Camila Salmazio