Perspectiva

"Campanha eleitoral de 2018 será verdadeira luta de classes", diz João Pedro Stedile

Movimentos populares traçam as expectativas de lutas para 2018 e reforçam a unidade contra golpismo

Brasil de Fato | São Paulo (SP)* |
Mais de 300 militantes participaram da II Conferência Nacional da Frente Brasil Popular, que debateu a conjuntura política brasileira
Mais de 300 militantes participaram da II Conferência Nacional da Frente Brasil Popular, que debateu a conjuntura política brasileira - Comunicação Frente Brasil Popular

"Nós teremos certamente um 2018 cheio de mobilizações, de muita disputa política, em que a própria campanha eleitoral se transformará numa verdadeira luta de classes", diz João Pedro Stedile, da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), destacando as perspectivas para 2018.

Ele ressalta a importância da unidade entre os movimentos e a defesa da candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva, que em em janeiro voltará a prestar depoimentos na ação que tramita no Tribunal Regional Federal (TRF) da 4ª Região, na capital gaúcha.

"E ele é a forma de nós expressarmos que é preciso ter mudanças no Brasil. Para que com a eleição do Lula nós possamos, em janeiro, convocar um plebiscito popular revogatório, de todas essas medidas antissociais e antipopulares, que este governo golpista e ilegítimo tomou contra o povo brasileiro", diz Stedile.

As projeções de lutas para o próximo ano foram discutidas durante a 2ª Conferência Nacional da Frente Brasil Popular, que ocorreu no início deste mês, em São Paulo, e contou com mais de 88 movimentos populares participantes. Entre eles MST, Marcha Mundial de Mulheres, Unegro, Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), entre outros.

Nalu Farias, da Marcha Mundial de Mulheres, movimento que compõem a Frente Brasil Popular, fala sobre os desafios que os campos progressistas sofreram em 2017 com o avanço do liberalismo e do golpe.

"Acho que tem uma primeira questão, que nós temos essa avaliação de que a nossa prioridade, neste momento, é derrotar o golpe, em conjunto com os movimentos sociais. Porque se a gente não derrota o golpe, se a gente não recupera a democracia, nós não temos inclusive condições de seguir avançando na nossa pauta e trabalhando dimensões específicas da nossa pauta", afirma.

Para Beatriz Lourenço da Frente Alternativa Preta (FAP), a centralidade da luta de classes está na questão racial. "Quando a gente tem um golpe que retira direitos dos trabalhadores, a gente está falando que retira direitos principalmente da população negra, que é a população mais pobre, que mora nas periferias e que é a que, em tese, deveria acessar mais os programas que concedem algum direito para a população", diz. 

A atuação dos movimentos da Frente Brasil Popular começará em janeiro com a mobilização na Justiça Federal de Porto Alegre e Curitiba, que adota a linha política de que eleição sem Lula é fraude.

Na metade do ano serão construídos Congressos municipais e estaduais, para fortalecer a militância para o Congresso Nacional do Povo, que tem previsão de reunir 100 mil militantes, no Maracanã.

 

*Matéria atualizada dia 22/12 às 22h30 para correção de informações.

Edição: Vanessa Martina Silva