Minas Gerais

Infraestrutura

Movimentos criticam canalização do Ribeirão da Onça, em BH (MG)

Para ativistas, a obra, que é estimada em mais de R$ 200 milhões, não resolve problema das enchentes

Brasil de Fato | Belo Horizonte (MG) |

Ouça o áudio:

Ribeirão da Onça começa em Contagem, região metropolitana da capital mineira, e deságua no Rio das Velhas
Ribeirão da Onça começa em Contagem, região metropolitana da capital mineira, e deságua no Rio das Velhas - Divulgação/Comupra

A Prefeitura de Belo Horizonte  anunciou um pacote de obras de infraestrutura para prevenção de enchentes. No planejamento, estão programadas mudanças para o Ribeirão da Onça, que começa em Contagem, região metropolitana da capital, e deságua no Rio das Velhas. 
De acordo com a PBH, o que está previsto para o local é a canalização em parede diafragma, ou seja, uma parede de concreto armado que funciona para conter as águas. A alteração, para o Executivo do município, auxiliaria na redução dos riscos das enchentes na área da avenida Cristiano Machado e dos bairros Belmonte, Ouro Minas, Ribeiro de Abreu e Novo Aarão Reis. O valor da obra está estimado em R$ 212.960.867,46 milhões e ela duraria 1020 dias.
A decisão, no entanto, contraria análises de ambientalistas e também de movimentos que lutam pela manutenção e limpeza do ribeirão. Para o idealizador do projeto Manuelzão, Apolo Heringer Lisboa, a canalização não é uma solução para o problema, mas sim um dos motivos que contribuem para a ocorrência de inundações, já que esse tipo de empreendimento faria com que a violência das águas aumentasse.
“É o movimento de fazer com que um rio cheio de curva, parecendo uma cobra, se pareça com uma régua. Eles utilizam esse rio reto para construir vias para transporte. Mas a curva do rio não está lá à toa, ela diminui a velocidade da água. Às vezes, a canalização pode resolver o problema de um bairro por dois, três anos, mas é jogar o problema adiante”, esclarece o especialista. A aceleração ocasionaria, ainda, a morte da vegetação e de animais.
Para Apolo, um modelo de cidade que gera conflito entre a ocupação urbana e a natureza estaria fadado ao fracasso. No caso do Ribeirão do Onça, ele defende que a cachoeira que compõe o lugar seja tratada e tenha o esgoto retirado. “Temos que deixar o rio reviver, cuidar da nascente, manter como era naturalmente: um local para as pessoas nadarem”, afirma. 
Cidade para as pessoas
A sugestão é justamente o que deseja o movimento Deixe A Onça Beber Água Limpa, que existe há aproximadamente 14 anos. Um dos integrantes, Márcio Lima, conta que todo o esforço é para que a prefeitura dê vida ao Parque Linear do Ribeirão da Onça, de mais ou menos 
5,5 km, com áreas verdes, de lazer, convivência, cachoeira e praia de água doce. “A administração municipal precisa reconhecer que se lá é uma área de ocupação desordenada e com muito esgoto na água não é culpa do rio, mas da má engenharia”, declara ele, que assegura que o movimento irá lutar contra a canalização.
 

Edição: Joana Tavares