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População venezuelana sai às ruas para defender legado de Hugo Chávez

No dia 4 de fevereiro se comemora a rebelião militar de 1992, quando o ex-presidente tentou tomar o poder no país

Brasil de Fato | Caracas (Venezuela) |
Jovens se juntam à multidão que promoveu um ato público na data conhecida como 4F, em Caracas
Jovens se juntam à multidão que promoveu um ato público na data conhecida como 4F, em Caracas - Fania Rodrigues/BdF

Uma multidão saiu às ruas de Caracas, capital venezuelana, para homenagear o ex-presidente Hugo Chávez e defender o governo atual, de Nicolás Maduro. O ato público aconteceu há exatos 26 anos do dia 4 de fevereiro de 1992, quando Chávez comandou uma rebelião de militares e pela primeira vez tentou chegar ao poder na Venezuela. A marcha de chavistas nesse domingo (4) começou às 11h da manhã, no Centro da cidade, e terminou no Palácio Presidencial de Miraflores, com um discurso do presidente da República.

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Para o ativista político Luig Lobig, que esteve presente na marcha deste ano, o então comandante Hugo Chávez inaugurou em 1992 uma nova era. Segundo ele, "4 de fevereiro é uma data histórica, simbólica e sagrada, porque significa um novo amanhecer na história da Venezuela”".

À época da rebelião militar, o operário Omar Rangel era vizinho do Palácio Miraflores e foi testemunha ocular daquela madrugada turbulenta. Hoje, ele faz questão de ir às ruas defender o legado do ex-presidente Chávez. "Estamos celebrando 26 anos desse feito histórico do nosso comandante Hugo Chávez Fria, tenente-coronel. Nesse momento nasceu um homem que veio defender sua pátria. Hoje, com mais razão, estou aqui assumindo essa responsabilidade e defendendo esse legado que nos deixou Chávez".

A estudante Carla Palencia não era nascida naquela época, mas hoje é uma das beneficiárias das políticas públicas de educação implementadas por Hugo Chávez e defende o seu legado. "Tenho 19 anos, não era nascida quando aconteceu essa nova insurreição militar, mas estamos aqui para apoiar esse novo movimento", diz.

Já o trabalhador autônomo Robens Rangel afirma que foi à marcha de 4 de fevereiro não somente pelo seu significado histórico, mas também pela atualidade da luta de classes na Venezuela. "[Marchamos porque ] queremos que a oligarquia vá embora da Venezuela, que nos deixe em paz. Queremos amor, paz, vitória e felicidade para nosso novo presidente, que continuará sendo o presidente da República Nicolás Maduro Moro. Graças a ele e a nossa Revolução, acabou a tirania que existia neste país, que mantinha essa oligarquia", defende.

História

Indignado com o regime do presidente Carlos Andrés Pérez (1989-1993), o então tenente-coronel do Exército venezuelano Hugo Chávez começou a organizar um plano para  derrubar o governo e tomar o poder.

Como antecedente dessa revolta está o fato de que Andrés Pérez havia ordenado a repressão aos protestos de 1989, conhecidos como "Caracazo". Números oficiais indicam 276 mortos na repressão executada pelo Exército, pela guarda nacional e pela polícia metropolitana. No entanto, movimentos sociais, partidos de esquerda e organizações reportam mais de 3 mil desaparecidos. 

Apesar do fracasso do levante militar de 1992, esse fato histórico colocou Chávez no centro da disputa política. Seis anos depois, ele seria eleito presidente da Venezuela e governou o país por 13 anos, até fevereiro de 2013 quando faleceu vítima de um câncer.

Confira como foi o protesto desse domingo (4):

 

Edição: Vivian Fernandes