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Lula | “Fui vítima de uma mentira do jornal O Globo”

Em entrevista no Brasil 247, ex-presidente pede que o STF ou STJ faça justiça frente ao julgamento político

Brasil de Fato | São Paulo |

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Ex-presidente e pré-candidato presidencial Luiz Inácio Lula da Silva
Ex-presidente e pré-candidato presidencial Luiz Inácio Lula da Silva - Foto: Ricardo Stuckert

Em entrevista ao vivo para os jornalistas Paulo Moreira Leite e Leonardo Attuch, do portal Brasil 247 na manhã desta quarta-feira (14), o ex-presidente  Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que espera que os tribunais superiores analisem o mérito do que foi julgado pela primeira instância de Curitiba e confirmado pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), em Porto Alegre, no dia 24 de janeiro.

“Eu, a única coisa que eu espero, é que seja no STF ou no STJ, que analisem o mérito da questão. [...] Fui condenado através de uma matéria mentirosa do jornal O Globo”, afirmou o ex-presidente que também defendeu que seja feita uma regulação econômica dos meios de comunicação no Brasil. “Nós vamos ter que criar as condições, sobretudo no Congresso Nacional, para que façamos a regulação dos meios de comunicação. Não queremos os meios de comunicação censurados. O que nós queremos é criar condições para que se abra as condições que mais gente tenha acesso aos meios de comunicação. Eu, por exemplo, não acho que é bom para o Brasil o monopólio que a Globo tem sobre o futebol brasileiro”.

Sobre a condenação que recebeu no caso do triplex, Lula defendeu que as instâncias superiores resolvam o que chamou de um julgamento político recebido nas instâncias inferiores. “Eles não podem julgar politicamente. Têm que julgar com base em provas. […] Eu sou de uma região do país onde a gente nasce pobre, mas com honra. Estou tranquilo, com a tranquilidade dos inocentes. Eles estão muito mais perturbados do que eu porque sabem que mentiram" afirmou. 

Lula descartou que tenha pressionado os ministros do STF, como insinuaram alguns meios de comunicação nos últimos dias, para que o tribunal leve ao pleno a discussão sobre o pedido de habeas corpus preventivo, impetrado por sua defesa na corte. “Eu acho que a Carmem Lúcia ou qualquer outro ministro pode colocar o tema em pauta. O fato de ser o Lula não pode significar prioridade em colocar o tema em votação, mas também não pode não votar. Eu, graças a deus, nunca pedi nenhum favor a eles [ministros do STF]. Eu só quero que faça justiça. A Globo é quem faz pressão todos os dias aos ministros do STF”, asseverou o ex-presidente. 

O pré-candidato às eleições presidenciais de 2018 e favorito segundo todas as pesquisas de opinião divulgadas, criticou que os ministros da Suprema Corte estejam vulneráveis a pressões externas e defendeu que se apeguem aos critérios técnico-jurídicos relacionados ao caso. “Não é possível que um ministro da Suprema Corte seja submetido à opinião pública”, destacou. 

Lula defendeu ainda que seja realizado um processo de consulta popular que permita revogar as medidas tomadas pelo governo Temer e reformar a Constituição Federal. E prometeu levar a proposta à campanha eleitoral. “Ou a gente faz um referendo revogatório, ou fazemos uma Constituinte. Porque a Constituição Cidadã de 88 não existe mais. Ela já foi rasgada. Acho que precisamos fazer uma constituinte, redefinir o papel dos poderes no país e fortalecer as instituições para que sejam cada vez mais democráticas. “É um compromisso que eu quero colocar no processo de campanha. Para que o povo melhore sua capacidade de escolha dos parlamentares. Porque não adianta votar em um presidente progressistas e em um Congresso conservador”, afirmou o presidente, que defendeu a ampliação da bancada de deputados e senadores ligados aos movimentos populares. "Os sem-terra, que é um movimento muito respeitado no Brasil, tem três deputados. Os ruralistas, que ninguém conhece, tem 200", criticou.

Finalmente, o ex-presidente anunciou que pretende realizar caravanas pelos estados do norte e centro-oeste nos próximos meses. Depois de já passado pelo nordeste e alguns estados do sudeste, entre os dias 19 e 28 de março a caravana será realizada nos três estados da região sul do país. Na programação, está previsto um encontro de Lula com o ex-presidente do Uruguai, José Pepe Mujica.

Edição: Juca Guimarães