Justiça

Deputado solicita federalização do caso Marielle Franco

Wadih Damous, deputado federal do Partido dos Trabalhadores, solicitou que a Polícia Federal assuma investigação do caso

Brasil de Fato | São Paulo |

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A vereadora Marielle Franco durante debate sobre redução da maioridade penal em outubro de 2010
A vereadora Marielle Franco durante debate sobre redução da maioridade penal em outubro de 2010 - Reprodução Facebook

O deputado federal do Partido dos Trabalhadores (PT) do Rio de Janeiro, Wadih Damous, afirmou em entrevista ao Brasil de Fato que enviou na manhã desta quinta-feira (15) um ofício solicitando ao Ministério da Segurança Pública e ao Ministério Público Federal (MPF) a federalização das investigações sobre o assassinato de Marielle Franco, vereadora da capital fluminense pelo Psol (Partido Socialismo e Liberdade) e de seu motorista Anderson Pedro Gomes. O crime ocorreu no bairro Estácio, região central da cidade. 

Segundo Damous, a suspeita de que agentes policiais estejam envolvidos no caso faz com que as polícias estaduais estejam impedidas de realizar uma investigação imparcial sobre o crime. “Eu acabei de assinar um ofício ao Ministério da Segurança Pública e ao Ministério Público solicitando a federalização dessa apuração, porque é absolutamente plausível que policiais militares tenham participado dessa ação que vitimou a Marielle. Então o mais adequado é que essa investigação seja conduzida pelo Ministério Público Federal”. 

Damous faz parte de uma comissão de deputados federais que acompanharão as investigações sobre o assassinato da vereadora. O grupo será liderado pelo deputado Chico Alencar (Psol/RJ) e é composto por outros quatro parlamentares do estado: Benedita da Silva e Wadih Damous, do PT, Jean Wyllys e Glauber Braga, do Psol. “O que nós queremos com essa comissão de acompanhamento é que esse crime não seja mais um em que se reconhece a gravidade, depois se vira a página. Tem que ser apurado, investigado”, afirmou o deputado do PT. 

Para Roberto Kant, especialista em segurança pública da Universidade Federal Fluminense (UFF), o assassinato de militantes e defensores dos Direitos Humanos produto da chamada ‘doutrina do inimigo interno’. “As corporações aqui no Rio, tanto a Polícia Militar quanto a Polícia Civil, estão envolvidas numa mentalidade de guerra. E essa mentalidade guerreira, que não necessariamente é apenas da Polícia Militar, mas também da Polícia Civil, se ressente muito, porque ela pensa que está numa guerra; e existe uma lei, a lei dos autos de resistência, que realmente autoriza que se mate uma pessoa no exercício da função e não ser julgado, e isso estimula e aumenta a sensação de que a Polícia, no exercício de sua função, tem poderes excessivos. O problema todo é esse: achar que isso é uma guerra, uma guerra interna”. 

A principal linha de investigação sobre o assassinato de Marielle Franco e Anderson Pedro Gomes é de execução. O crime ocorre um dia depois dela postar em suas redes sociais mensagens críticas à atuação da Polícia Militar na comunidade do Acari, na zona norte da cidade. No dia 28 de fevereiro, Marielle havia assumido a relatoria da Comissão da Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro para acompanhar intervenção militar no estado.

Edição: Mauro Ramos