Rio de Janeiro

ABUSO DE AUTORIDADE

Corregedoria vai investigar policial que rejeitou homenagem à Marielle no Bip Bip

Agente da PRF exigiu que, Alfredinho, 74 anos, dono do estabelecimento, fosse levado para depor na delegacia

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Carros da polícia militar, civil e polícia rodoviária federal em frente à 13ª DP
Carros da polícia militar, civil e polícia rodoviária federal em frente à 13ª DP - Reprodução/ Facebook

A corregedoria da Polícia Rodoviária Federal (PRF) vai abrir uma investigação para avaliar a conduta de uma agente da corporação que provocou tumulto no bar Bip Bip, na zona sul do Rio. O episódio aconteceu no último domingo (18) e resultou na condução do proprietário do local, Alfredinho, de 74 anos, à delegacia para prestar depoimento como testemunha. Tudo começou após o dono do local pedir um minuto de silêncio em memória da vereadora Marielle Franco (PSOL), assassinada na semana passada.

O agente, ainda não identificado, ficou descontente com a homenagem e começou a gritar, dizendo que também queria comoção pela morte de policiais. Observador da cena, o músico Tiago Prato relatou que neste momento os frequentadores do local começaram a vaiar o policial e ele, insatisfeito, saiu do local. Meia hora depois, ele retornou ao estabelecimento, mas dessa vez armado. "Ele gritava e se dizia policial rodoviário federal. Nesse momento eu liguei para a polícia”, relatou Prata.

Ao chegar, a Polícia Militar (PM) tentou mediar a situação, mas o agente da PRF insistiu em conduzir Alfredinho até a delegacia pois, na confusão, ele teria sido empurrado. Em um vídeo, é possível ver o agente da PRF discutindo com uma tenente da PM e questionando se ela sabia “o que é uma prisão em flagrante”.

Segundo Rodrigo Mondego, advogado do proprietário do Bip Bip, todos prestaram depoimento na 14ª Delegacia de Polícia no Leblon. “Lá o delegado não quis me ouvir na condição de advogado do Alfredinho. Ele ouviu as partes e registrou ocorrência de lesão corporal para esse policial da PRF como vítima e colocou o Alfredinho apenas como testemunha”, contou. Antes de chegarem na 14ª DP, todos peregrinaram pela 13ª DP e pela 12ª DP. Durante a procura de uma delegacia que pudesse recolher os depoimentos, agentes da PRF que estavam a trabalho chegaram para entender o que estava acontecendo.

O advogado enumera algumas irregularidades na condução do caso. “Se ainda estivesse valendo a legislação brasileira, Alfredinho ao invés de ser testemunha de um fato que ele não presenciou, ele teria sido enquadrado ali como vítima. Vítima de abuso de autoridade e crime de ameaça”, pontua.

Posição da PRF, PM e Polícia Civil

A nota da assessoria de imprensa Polícia Rodoviária Federal informa que será aberta uma investigação preliminar na corregedoria para apurar os fatos e conduta do servidor. Mas, a assessoria já antecipou que "inicialmente, não houve nenhum registro de comportamento que configure desvio de conduta funcional, representando tão somente atitudes e opiniões pessoais do servidor".

A Polícia Civil não respondeu as mensagens da reportagem do Brasil de Fato e a PM somente fez o relato da ocorrência sem tecer comentários sobre o comportamento do agente da PRF diante dos policiais militares.

 

Edição: Vivian Virissimo