Brasília

Movimentos populares ocupam área da Coca-Cola contra a exploração comercial da água

Fábrica em Taguatinga, no DF, foi paralisada por meia hora; Fórum Mundial da Água virou encontro de corporações

Brasil de Fato, en la ciudad de São Paulo (SP) |

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Protesto denuncia o caráter mercantilista do fórum patrocinado por conglomerados multinacionais
Protesto denuncia o caráter mercantilista do fórum patrocinado por conglomerados multinacionais - Guilherme Weimann/MAB

Por volta das 5h30 da manhã desta quinta-feira (22), cerca de 350 militantes organizados em movimentos populares ocuparam o parque industrial da Coca-Cola, em Taguatinga, nos arredores de Brasília para denunciar a ação da multinacional na tentativa de espoliar os bens naturais do país, particularmente as águas.

O protesto, que teve duração de 30 minutos e paralisou a produção, denunciou o caráter mercantilista do 8º Fórum Mundial da Água, em Brasília  que se encerra amanhã (23).

Está na mira prioritária de Nestlé, Coca-Cola, Danone e outras empresas de capital internacional os maiores aquíferos do planeta, grandes reservas de água doce localizadas no Brasil. Nas semanas anteriores ao evento da ONU com as corporações, já houve menção no Congresso brasileiro de quantificar o preço do maior deles, o Aquífero Guarani.

Em janeiro, numa promíscua relação com as corporações do setor, o presidente ilegítimo, Michel Temer, participou de jantar durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos, com o CEO da Nestlé, Paul Bulcke, e de outras empresas, como Ambev, Coca-Cola e Dow. Elas compõem o grupo 2030 Water Resources Group (2030WRG), consórcio que pretende privatizar cada metro cúbico disponível de água no planeta.

“Denunciamos as transnacionais Nestlé, Coca-Cola, Ambev, Suez, Brookfiled (BRK Ambiental), Dow AgroSciences, entre outras que expressam o caráter do ‘fórum das corporações", escreveram os movimentos em manifesto divulgado, remetendo-se ao evento organizado com a presença das multinacionais em Brasília. Para os movimentos, a intenção é privatizar este e outros aquíferos para produção de bebidas.

Além de palavras de ordem, os militantes deixaram seu recado em forma e pixações. Participam da ação militantes do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), do Levante Popular da Juventude, do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) e do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

Outro lado

 Em nota, a Coca-Cola informou que após o ato as atividades foram retomadas normalmente.  "A Coca-Cola Brasil reitera que é mentira a acusação de que a companhia estaria negociando a privatização do Aquífero Guarani. Consideramos a água um recurso precioso para a vida e um direito universal para o desenvolvimento saudável de ecossistemas, comunidades, agricultura e comércio", diz a nota.

* A matéria foi alterada às 14h20 com a inclusão da nota divulgada pela Coca-Cola.

Edição: Juca Guimarães