Caravana

Veja como foram os primeiros dias da Caravana de Lula pelo Sul

Ex-presidente já percorreu quase mil quilômetros pelo interior do Rio Grande do Sul; ao todo serão três mil quilômetros

Brasil de Fato | São Borja (RS) |

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Na cidade de Cruz Alta (RS) população se reuniu para aguardar passagem da caravana do ex-presidente.
Na cidade de Cruz Alta (RS) população se reuniu para aguardar passagem da caravana do ex-presidente. - Foto: Ricardo Stuckert

Esta semana, o ex-presidente Lula e sua caravana percorreram quase mil quilômetros pelo interior do Rio Grande do Sul. A quarta etapa do projeto "Lula pelo Brasil" começou no município de Bagé, a 370 quilômetros da capital Porto Alegre.

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No último ano, Lula viajou pelo Nordeste, por Minas Gerais e pelo Rio de Janeiro com o objetivo de conhecer ainda melhor o país e os brasileiros e brasileiras. No município de Santana do Livramento (RS), Lula e Dilma Rousseff se encontraram com os ex-presidentes Pepe Mujica, do Uruguai, e Rafaela Correa, do Equador.

O petista reforçou a necessidade de integração latino- americana e lamentou a retirada de direitos dos brasileiros comandada pelo presidente golpista Michel Temer (MDB).

"Eu estou convencido de que nós estamos vivendo um momento muito difícil, político, econômico e social. Nós estamos perdendo muitas das conquistas que nós tivemos nos últimos 15 anos, e se depender do atual governo golpista, vamos perder muito mais. Parece que a ideia é que o mercado financeiro determine o que vai acontecer no mundo", ressaltou.

A educação tem sido outro tema recorrente nesta caravana. Cada parada do ônibus é uma oportunidade nova de se resgatar o legado de investimentos nessa área. Foi assim em São Vicente, Santa Maria e vários outros municípios gaúchos que ganharam institutos e outras unidades educacionais durante a gestão do ex- presidente.

Aos 52 anos, Nara Oliveira é graduada em letras e estudante de mestrado no campus de Bagé da Universidade Federal do Pampa (Unipampa). Ela explica que a criação da unidade era uma das principais demandas dos moradores da região.

“Quando o então presidente Lula assinou o decreto, aqui era só mato. Literalmente mato, porque eu nasci e cresci nessa cidade. Eu morava fora por motivos profissionais, e quando retornei a Bagé e enxerguei as fundações e o nascer dessa universidade, era surreal pensar que um dia eu também fiz parte de uma geração que sonhou com essa universidade”, relata.

Já Rodrigo Mariano, de 24 anos, é um dos 62 indígenas matriculados na Universidade Federal de Santa Maria. Ele afirma que o investimento do governo Lula permitiu maior acesso dos membros das comunidades tradicionais.

“Esse lugar nunca foi pensado para indígenas. A criação das universidades nunca levou em consideração o acesso aos povos indígenas, nem dos negros. ​​O Lula simplesmente foi quem deu o impulso para o acesso das minorias às universidades. Regionalizou o ensino superior, criando as universidades, como a Unipampa. Então ele é o cara!”, destaca.

Nas terras de Jango e Getúlio

Um dos momentos mais marcantes da caravana foi a visita ao mausoléu de Getúlio Vargas, em São Borja. O município, próximo à fronteira com a Argentina, também é terra de outro ex-presidente: João Goulart, vítima do golpe militar de 1964. 

Para o agricultor Vicente Wiles, a visita de Lula e Dilma a São Borja é uma chance de honrar o legado das lideranças gaúchas, em um momento de retrocessos nos direitos sociais. 

“São Borja tem essa simbologia dos presidentes que saíram daquela terra, os presidentes que deram essa base trabalhista que o Brasil tem hoje. Acho que Jango representa muito isso, e que o Lula, a caravana, vai beber dessa fonte, recuperar um pouco do que foi aquele processo que ajudou os trabalhadores a reconhecer seus direitos.”

Ao todo, Lula vai percorrer mais de três mil quilômetros, pelos três estados do Sul: Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. A caravana se encerra no dia 28 de março, quando está previsto um grande ato na Boca maldita, região central de Curitiba (PR). 

Edição: Camila Salmazio