Lula

Lula agradece aos sem-terra "pela coragem e por nunca desistirem da luta"

Protestos de grupos violentos não impediram que a Caravana Lula pelo Sul seguisse sua rota

Brasil de Fato | Quedas do Iguaçu (PR) |
O ato em Quedas do Iguaçu a manhã desta terça-feira (27) na praça central da cidade.
O ato em Quedas do Iguaçu a manhã desta terça-feira (27) na praça central da cidade. - Ricardo Stuckert

'Os cães ainda ladram, mas a caravana passa'. O verso da música cantada durante a Caravana Lula pelo Brasil sintetiza bem a passagem da Caravana pelo Sul do país, que começou na segunda-feira (19) em Bagé (RS) e seguiu por mais de dois mil quilômetros até o Paraná.

Na última segunda (26), a comitiva do ex-presidente adentrou o estado mais ao norte da região sul. A primeira parada foi em Francisco Beltrão, cidade com pouco mais de 80 mil habitantes. Como em outras localidades do percurso, grupos de extrema direita fizeram um protesto, fechando a rodovia, na tentativa de impedir a passagem da caravana. Apesar da polícia ter conseguido liberar a via, alguns homens armados com rojões tentaram atacar os ônibus, sem sucesso. Lula chegou ao centro da cidade onde uma multidão o esperava. O ato foi curto, já que o ex-presidente devia embarcar para Foz do Iguaçu, onde ocorreu o Seminário Internacional da Tríplice Fronteira.

A cerca de 120 quilômetros de Francisco Beltrão, trabalhadores rurais sem terra esperavam a comitiva do ex-presidente nas margens da rodovia de acesso à cidade de Quedas do Iguaçu. Duas mulheres carregavam uma faixa com os dizeres: "Quedas não é Bagé - bem vindo Lula", uma referência à primeira cidade visita pela caravana, onde um grupo de ruralistas agiu com violência contra a comitiva. A recepção calorosa da caravana carrega consigo o sentimento de esperança, compartilhado pelo senhor Idalino Pereira, assentado da região.

"Essa vinda do Lula representa muita coisa pra nós. A volta dele vai trazer muito daquilo que nós precisamos", diz o agricultor.

Os trabalhadores são moradores do acampamento Dom Tomás Balduíno. A terra foi ocupada no dia 6 de junho de 2016, próximo ao Assentamento Celso Furtado, um dos maiores da América Latina, com 1.098 famílias de trabalhadores rurais. Os dois espaços de produção da reforma agrária somam mais de 63 mil hectares e estão dentro de uma área invadida ilegalmente pela empresa de celulose Araupel.

Para Claudelei Torrente Lima, assentado da região e hoje vereador de Quedas do Iguaçu, o povo humilde da região não poderia receber Lula de outra forma.

"Esse é um povo lutador, que reconhece os programas sociais que o Lula fez para o povo mais humilde que não era contemplada por outro governo. Então Quedas do Iguaçu resolveu receber o presidente Lula com muito carinho por tudo que ele fez não só por Quedas do Iguaçu, mas por todo povo brasileiro", diz.

O ato em Quedas do Iguaçu ocorreu na manhã desta terça-feira (27) na praça central da cidade. Na atividade, Lula prometeu resolver a disputa de terra entre o MST e a empresa Araupel, e assentar as famílias do acampamento Dom Tomás Balduíno, caso volte a ser presidente da República.

"Vocês podem estar certos de uma coisa: eu vou voltar a presidir esse país. E nos vamos resolver muito rapidamente essa 'pendenga' com a Araupel. Isso já era para estar resolvido porque nós queremos criar homens e mulheres dignos nesse país".

O ex-presidente agradeceu ao MST por permanecerem firmes na luta pela terra. "Obrigado a vocês, homens e mulheres sem terra pela coragem e por nunca desistirem da luta porque só a luta pode garantir que o amanhã seja melhor do que o hoje".

A Caravana Lula pelo Sul chega ao seu penúltimo dia. Na quarta-feira (28), haverá. Ato de encerramento em Curitiba, capital do Paraná.

Edição: Juca Guimarães