Resistência

Prisão de Lula é mais um capítulo do golpe

O processo visa impedir a eleição e permanência de um governo popular

Brasil de Fato | Brasil |

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População se manifesta contra o golpe
População se manifesta contra o golpe - Adonis Guerra/SMABC

Hoje (6), o Brasil amanheceu com um sentimento de indignação. O pedido de prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é apenas mais um capítulo do golpe geral dado neste país e contra todo o povo brasileiro.

Em em entrevista ao Brasil de Fato, o integrante da coordenação do MST, João Pedro Stedile, afirma que Lula está sofrendo uma perseguição política com um objetivo claro: “querem prendê-lo para tirá-lo da campanha eleitoral. Por isso, é um golpe. Um golpe do poder judiciário contra o povo brasileiro. Prender o Lula é prender o povo”.

O primeiro passo deste golpe foi dado com o impeachment que derrubou a presidenta democraticamente eleita Dilma Rousseff, em 2016. “Até hoje não provaram que ela tenha cometido nenhum crime. Agora, repetem essa farsa jurídica com toga, circunstâncias, com juridiquês, que o povo não entende, para condenar um homem inocente”. 

João Pedro explica que após o primeiro passo do golpe, passou a vigorar um plano político, econômico e social que resultou em mais desemprego, mais desigualdade e em todas as dificuldades que o povo está enfrentando. Em contrapartida, os bancos lucraram de 2016 até agora R$ 450 bilhões. A indústria R$ 60 bilhões.

O coordenador do MST avalia que, quando uma sociedade entra em uma crise estrutural, como a que vivemos agora, aumentam os conflitos entre as classes.

De um lado, estão aqueles que querem o golpe e a subordinação da nossa economia aos interesses dos bancos, do capital americano. Este é o bloco dos capitalistas, que querem continuar ganhando dinheiro com mais e mais exploração dos trabalhadores. Do outro lado, temos o bloco da classe trabalhadora.

Isso significa que a classe composta por banqueiros e grandes industriais, por exemplo, estão defendendo fortemente seus interesses visando manter ou, até mesmo, aumentar seus seus privilégios. Mesmo que suas ações gerem instabilidade política e desemprego.

A prisão de Lula é uma estratégia dessa classe, que controla os setores produtivos, para impedir que o ex-presidente seja candidato este ano, como explica Stedile. “Não estão prendendo Lula. Querem prender a classe trabalhadora e impedir que a classe trabalhadora tenha representantes nas próximas eleições”.

Só a tomada da rua pelo povo é capaz de barrar esse processo. Por isso, muitas são as manifestações de apoio ao ex-presidente. Desde ontem, quando o juiz Moro determinou a prisão, diversos atos e vigílias estão sendo realizados pelo país.

A principal convocação está em São Bernardo. Uma multidão indignada está em vigília na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e mais pessoas estão se dirigindo para o local. As manifestações devem seguir durante todo o dia.
 

Edição: Guilherme Henrique