Acampamento

"Bom dia, Lula!" é grito diário de resistência em Curitiba

Parte da programação do Acampamento Lula Livre é dar ‘bom dia’ e ‘boa noite’ ao ex-presidente, que ouve a manifestação

Brasil de Fato | Curitiba (PR) |
Acampamento Lula Livre permanece nas proximidades da Polícia Federal em Curitiba (PR)
Acampamento Lula Livre permanece nas proximidades da Polícia Federal em Curitiba (PR) - Fotos: Giorgia Prates

Já virou regra: assim que acordam pela manhã, os apoiadores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que permanecem em vigília em frente a Superintendência da Polícia Federal em Curitiba (PR) dizem um ressoado ‘bom dia’ ao petista, que segue preso na capital paranaense.

Numa publicação em uma rede social, o professor Emir Sader afirmou que os advogados do ex-presidente lhe informaram que o ex-presidente ouve todos os dias a saudação dos acampados. Para Ana Terra, uma das organizadoras da iniciativa, essa é uma forma de retribuição ao esforço de Lula por beneficiar os trabalhadores do Brasil. 

“A gente faz uma ressonância desse ‘bom dia’, para que chegue até o ouvido dele lá dentro, pra ele saber que não está sozinho, pra ele saber que nós estamos aqui na resistência por ele e pela democracia, pelo país. E não é só o ‘bom dia’. A gente dá o ‘bom almoço’ e a ‘boa noite’. A gente está retribuindo toda a força que ele dá pra gente”, afirmou.

Quem compareceu ao acampamento na manhã desta quarta-feira (11) foi o pré-candidato presidencial do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), Guilherme Boulos. Segundo ele, é preciso ampliar a denúncia da prisão ilegal e antidemocrática do ex-presidente. 

“O Lula é um preso político. E é isso que está em jogo. 30 anos depois da Constituição que marcou o fim da ditadura militar no Brasil, nós temos um preso político. Isso precisa ser dito ao Brasil e ao mundo. Nós precisamos mostrar ao povo brasileiro que a história montada pelo judiciário para prender Lula é uma farsa” afirmou, anunciando que viajará a Portugal ainda nesta quarta-feira para participar de um ato em defesa da liberdade do ex-presidente e da restauração da democracia no Brasil. “Nós não vamos descansar, não vamos estar tranquilos enquanto não desfazer essa ferida brutal na já frágil democracia brasileira. Lula livre, essa é a nossa mensagem”, 

Também o ex-governador da Bahia e ex-ministro da Defesa e da Casa Civil dos governos petistas, Jacques Vagner, esteve no acampamento na manhã desta quarta-feira, e ficou surpreso com a mobilização. “Eu acho que está muito bonito, do ponto de vista da energia positiva e da luta pela democracia, porque as manifestações são principalmente espontâneas. Quem está aqui, às vezes está perdendo o dia de trabalho, mas faz questão de estar aqui. Eu acho que esse movimento aqui é fundamental, principalmente para que ele sinta essa energia chegando nele. Ele sabe que nós estamos aqui e ele sabe que na verdade a vigília é no país inteiro”. 

Vagner também criticou a decisão da Justiça Federal de Curitiba que impediu a visita de nove governadores do norte e nordeste ao ex-presidente na última terça-feira (10). “Eu não conheço o texto legal, mas acho que isso foi uma afronta. São governadores que representam milhões e milhões de brasileiros, e portanto, na minha opinião, o bom senso deveria dizer que permitissem ao menos meia hora, vinte minutos, que seja. Mas pessoalmente acho que a negativa é uma afronta”. 

O Acampamento Lula Livre foi montado no último sábado (7), dia em que o ex-presidente decidiu se apresentar às autoridades, atendendo a ordem de prisão emitida pelo juiz de primeira instância Sérgio Moro. Os acampados prometem resistir no local até que Lula seja libertado.  

Edição: Juca Guimarães