19 mortos e 69 feridos

Memória do massacre de Carajás é o motor da luta camponesa, afirmou Stédile

Representantes do MST e outras lideranças relembraram massacre em ato. Crime ainda está impune

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
João Pedro Stédile (MST) fala para militantes do movimento durante ato em memória do massacre, em Brasília
João Pedro Stédile (MST) fala para militantes do movimento durante ato em memória do massacre, em Brasília - Alessandro Dantas/PT no Senado

Nesta terça-feira (17), os 22 anos do Massacre de Eldorado dos Carajás, no Pará, foram lembrados em clima de luto e luta por trabalhadores reunidos durante ato em Brasília, no Acampamento Lula Livre.

O dirigente João Pedro Stédile, do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST), destacou a importância da preservação da memória do episódio como motor da luta camponesa.

Ele disse que a data é reveladora das problemáticas do país no que se refere às desigualdades. “A história do Brasil está vinculada ao 17 de abril”, completou.    

A chacina, ocorrida em 17 de abril de 1996, terminou com um saldo de 19 mortos e 69 feridos e é considerada um marco na batalha pela democratização da terra. Além da intensa repercussão nacional, o massacre ganhou projeção global e a data foi batizada de Dia Internacional da Luta Camponesa.  

“Nesse dia, todos os camponeses do mundo param pra fazer uma homenagem, pra fazer  o que nós estamos fazendo aqui: relembrar a memória da nossa história, porque quem não conhece a história nunca vai planejar o futuro”, bradou o dirigente. 

Stédile e os outros militantes que participaram do ato reforçaram a importância da luta camponesa para a conquista de direitos por parte da classe trabalhadora. O secretário-executivo da Comissão Brasileira Justiça e Paz, Carlos Moura, celebrou a importância das ocupações de terra ao longo da história.

“Se queremos vencer, precisamos agora ocupar as ruas”, completou, abordando a importância da mobilização das massas no atual contexto de avanço neoliberal e deterioração de direitos. 

Seguindo a mesma linha de raciocínio e debatendo o futuro, o deputado federal Edmilson Rodrigues (Psol-PA), disse que a luta agrária é fundamental para o avanço e a consolidação das conquistas populares. 

 “A história da humanidade caminha pra esse futuro sonhado pelo MST, que é o futuro em que a luta deve se expressar na perspectiva antilatifundiária, anticapitalista, antimonopolista e profundamente comprometida com a democracia”, acrescentou o parlamentar.

Para o deputado federal João Daniel (PT-SE), que tem longa trajetória no MST, a chacina de Eldorado dos Carajás contribui fortemente para a resistência diante da onda conservadora e da criminalização das forças populares. Ele destacou a ligação do tema com a prisão política do ex-presidente Lula (PT) e defendeu a continuidade das mobilizações.

“Não temos outra alternativa que não seja continuar a luta pela democratização da terra, pelo fim da impunidade no Brasil, pela libertação imediata do ex-presidente Lula e pela construção de um projeto popular que seja pra todos os brasileiros  e brasileiras”, destacou.

Em memória do Massacre de Eldorado dos Carajás, os cerca de 500 militantes do Acampamento Lula Livre vão realizar, na tarde desta terça-feira (17), um protesto em frente à sede do Supremo Tribunal Federal (STF), na Praça dos Três Poderes.

Edição: Juca Guimarães