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Depois de sucatear Hospital Universitário, Zago assume saúde estadual de São Paulo

Dentre os recém-empossados por Márcio França e Bruno Covas, também está réu por improbidade na gestão do Metrô

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
"É uma tragédia anunciada, a nomeação de Zago. Márcio França dá um sinal claro que quer desmontar o que resta da saúde pública de São Paulo"
"É uma tragédia anunciada, a nomeação de Zago. Márcio França dá um sinal claro que quer desmontar o que resta da saúde pública de São Paulo" - Marcos Santos/ USP Imagens

Márcio França (PSB) e Bruno Covas (PSDB) assumiram os governos do estado e da cidade de São Paulo neste mês de abril mantendo os nomes de confiança e a equipe base de Geraldo Alckmin e João Doria (ambos do PSDB). No governo estadual, a nomeação mais polêmica dentre os novos secretários é a de Marco Antonio Zago, ex-reitor da Universidade de São Paulo (USP), que assume a Secretaria da Saúde. Na prefeitura, o novo chefe de gabinete de Covas, Sergio Avelleda, é investigado por improbidade administrativa na gestão do Metrô.

Zago é apontado como responsável pelo sucateamento do Hospital Universitário (HU), com demissão de profissionais, fechamento de leitos e o consequente recuo no número de atendimentos à população. Na clínica médica, por exemplo, o número de profissionais atendendo à população passou de 72 em 2013 para 56 em 2017, segundo o Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp). Na pediatria, a redução de profissionais foi de 45 para 34.

"É uma tragédia anunciada a nomeação de Zago. Márcio França dá um sinal claro que quer desmontar o que resta da saúde pública de São Paulo. Zago assumiu a USP dizendo que a universidade era grande demais e jogou pesado para se livrar do HU. Hoje, 1/4 dos leitos estão bloqueados, tem salas cirúrgicas sem funcionar, os profissionais têm péssimas condições de trabalho. Ele como gestor de saúde é uma catástrofe", afirmou Gerson Salvador, diretor do Simesp.

Por meio de nota, o Governo estadual afirmou que "tem total confiança na capacidade de gestão do secretário Zago". "A manutenção do HU junto à USP foi uma solicitação da comunidade acadêmica e das respectivas entidades de classe dos funcionários do hospital e da universidade. Eventuais novos pleitos sobre a unidade poderão ser avaliados pelo novo secretário", conclui a nota.

Capital

Em acordo com o ex-prefeito João Dória,  Bruno Covas decidiu manter a equipe base da Prefeitura pelo menos até o final deste ano. No entanto, o novo prefeito terá uma maior centralização da gestão.

Um decreto publicado no Diário Oficial no último sábado (14) estabelece que qualquer tipo de decisão estratégica somente poderá ser tomada após autorização do gabinete do prefeito. Na prática, isso retira a autonomia administrativa de secretarias e prefeituras regionais da cidade.

Ex-secretário de Mobilidade e Transportes, Sergio Avelleda agora é o braço-direito do prefeito. Também ex-presidente do Metrô, ele virou réu, nesta semana, em ação de improbidade que envolve o período das gestões dos tucanos José Serra, Alberto Goldman e Geraldo Alckmin. Substitui Wilson Pedroso no posto.

 

Bruno Covas (PSDB) e Márcio França (PSB)/Govesp

Trocas na Prefeitura 

Secretaria de Mobilidade e Transportes: João Octaviano Machado Neto

Foi presidente da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) durante a gestão Dória. Também foi secretário de Obras da gestão de Celso Pitta (1997-2000). Substitui Avelleda.

Companhia de Engenharia de Tráfego (CET): Milton Persoli

Engenheiro e funcionário de carreira da Prefeitura desde 1978. Era secretário adjunto das Pefeituras Regionais. Entra no lugar de João Octaviano.

Secretaria das Prefeituras Regionais: Marcos Penido

Foi secretário de Serviços e Obras na gestão Dória. Também já foi presidente da CDHU (Comissão de Desenvolvimento Habitacional e Urbano), secretário de Habitação do Governo do Estado, em 2014, durante gestão de Geraldo Alckmin. Substitui Cláudio Carvalho.

Secretaria de Infraestrutura Urbana e Obras: Vitor Aly

Antiga Secretaria de Serviços e Obras. Aly ocupava a presidência da SP Obras. Foi assessor especial de Mário Covas quando governador e assessor especial da presidência da CDHU. Substitui Marcos Penido.

SP Obras: Maurício Brun Bucker

Fundador e diretor da empresa de engenharia Construdata, foi responsável por obras como a Ponte Estaiada, túneis Eusébio Matoso e Cidade Jardim, Autódromo de Interlagos e linhas do Metrô. Já foi chefe de gabinete na Câmara Municipal de São Paulo e trabalhou como assessor da diretoria de Obras da Empresa Municipal de Urbanização da cidade de São Paulo, hoje SP Urbanismo. Entra no lugar de Aly.

Secretaria de Justiça: Rubens Rizek Jr.

Foi secretário de Estado da Agricultura e Abastecimento de Alckmin. Também foi presidente da Corregedoria Geral da Administração do Estado de São Paulo, secretário de Estado do Meio Ambiente de São Paulo, presidente do Conselho de Administração da CETESB, presidente do Conselho Consultivo da Fundação Mario Covas e presidente do Conselho Estadual do Meio Ambiente. Substitui Anderson Pomini.

Secretaria da Casa Civil: Eduardo Tuma

O vereador tucano será responsável pela interlocução com o Legislativo e teve apoio do presidente da Câmara, Milton Leite (DEM). Substitui Covas.

Trocas no Estado

Secretaria de Planejamento e Gestão: Maurício Pinto Pereira Juvenal

Jornalista, braço direito do governador há muitos anos, foi era chefe de gabinete da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação. Também responde interinamente pela Casa Civil, no lugar de Samuel Moreira.

Procuradoria-Geral do Estado: Juan Francisco Carpenter

Na PGE desde 1990, era subsecretário de Ações Estratégicas da Secretaria de Governo e já trabalhou nas procuradorias Fiscal e Administrativa. Entre 2002 e 2006, ocupou o cargo de procurador do Estado assessor junto à Subprocuradoria-Geral da Consultoria Geral. Em 2007, atuou na Assessoria Jurídica do Governo, órgão que chefiou entre 2011 e 2015. Substitui José Renato Ferreira Pires.

Secretaria de Comunicação: Clóvis Rodolpho Carvalho de Vasconcellos

Outro aliado antigo de França. Foi seu assessor de imprensa desde que o governador atuava politicamente em São Vicente. Substitui Carlos Graieb.

Secretaria da Agricultura e Abastecimento: Omar Cassin Neto

Era o chefe de gabinete da secretaria. Assume no lugar de Rubens Naman Rizek Junior.

Secretaria de Logística e Transporte: Mário Mondolfo

Já atuou nas áreas de engenharia de infraestrutura de transporte no Metrô e na Artesp (Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados de Transporte do Estado de São Paulo). Também foi superintendente de Exploração da Infraestrutura Rodoviária na ANTT (Agência Nacional dos Transportes Terrestres), diretor de engenharia no DER (Departamento de Estradas de Rodagem) e gerente na Dersa Desenvolvimento Rodoviário S.A.). Substitui Laurence Casagrande Lourenço.

Secretaria de Cultura: Romildo Campello

Atuava como secretário-adjunto da pasta desde o ano passado. Anteriormente, foi secretário de Turismo e do Verde e Meio Ambiente. Também foi Ouvidor Geral de Mogi das Cruzes.

Secretaria do Emprego e Relações do Trabalho: Cícero Firmino da Silva, conhecido como Cícero Martinha

Filiado ao Solidariedade, próximo do deputado federal Paulinho da Força,  presidente nacional do partido, que apoiará a reeleição de França. Martinha é presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá. Substitui José Luiz Ribeiro.

Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação: Marcos Monteiro

O Ministério Público de São Paulo abriu nesta sexta-feira (20) inquérito que investiga Monteiro, Alckmin e seu cunhado Adhemar César Ribeiro por improbidade administrativa em caso de suspeita de caixa dois. Eles foram apontados por delatores da Odebrecht como operadores de recursos não declarados nas campanhas ao governo paulista de 2010 e 2014.  Monteiro já ocupou diversos cargos públicos, sendo o último o de secretário de Planejamento e Gestão do Estado de São Paulo durante o mandato de Alckmin. Substitui Márcio França, que acumulava o posto com o de vice-governador.

Procuradoria: Gianpaolo Smanio

Mais votado na lista tríplice eleita por promotores e procuradores do Estado, Smanio foi reconduzido ao cargo.

Edição: Thalles Gomes