Minas Gerais

Machismo

Artigo | Profissão treinadora: por que não?

Mulheres enfrentam desconfiança, são subestimadas e sempre têm que provar por qual motivo alcançaram determinada posição

Brasil de Fato | Belo Horizonte (MG) |
Fabi, do time mineiro de vôlei Praia Clube, encerra a carreira e avalia a possibilidade de se tornar técnica
Fabi, do time mineiro de vôlei Praia Clube, encerra a carreira e avalia a possibilidade de se tornar técnica - Alexandre Loureiro/Inovafoto CBV

O domingo (22) foi de decisão na Superliga Feminina de Vôlei e trouxe uma conquista inédita para o time mineiro Praia Clube, que venceu o SESC/RJ, quebrando a hegemonia do time carioca na competição. Além do título inédito, a data também marcou o último jogo da ex-líbero da seleção brasileira e bicampeã olímpica Fabi, que jogou a temporada pelo SESC/RJ. 
Emocionada, a jogadora, considerada uma das melhores líberos do vôlei feminino mundial, encerra uma carreira admirável. São duas medalhas de ouro com o Brasil, nas Olimpíadas de Pequim, em 2008, e nos jogos de Londres, em 2012. Agora, ela inicia uma nova jornada como comentarista de vôlei e avalia uma possibilidade futura: ser treinadora em algum clube.  
Fabi, que demonstrou ser guerreira das quadras, certamente seria uma presença interessante do outro lado, como técnica. Além disso, ela também abriria espaço em uma função na qual as mulheres pouco atuam, mesmo em competições das ligas femininas. Sim, não vemos mulheres treinadoras. 
Para se ter uma ideia, nenhum dos 12 times participantes da Superliga Feminina 2018 foram comandados por mulheres. Essa é uma situação mundial. No último Grand-Prix, por exemplo, entre as 32 seleções que participaram da disputa, apenas as equipes do Japão e Austrália foram treinadas por mulheres. 
A questão não se restringe ao vôlei. No futebol, tivemos recentemente a passagem de Emily Lima, que comandou a seleção brasileira feminina por nove meses e foi a primeira mulher a chegar ao posto. Porém, teve uma demissão conturbada, na qual ela e as jogadoras denunciaram o abismo de diferença de investimentos na modalidade para homens e mulheres. 
Ocupar uma posição de liderança é um desafio para nós mulheres em qualquer mercado. Enfrentamos desconfiança, somos subestimadas e sempre é necessário provar mais vezes por que chegamos lá. Entretanto, é importante que cada vez mais as mulheres busquem essas posições e não se intimidem. Afinal, líder é uma palavra sem gênero. 
Fica o desejo de que a Fabi do vôlei amadureça essa ideia e prove que, sim, nós podemos! 
 

Edição: Wallace Oliveira