Atentado

“Foi uma tragédia anunciada”, diz vítima de tiros contra acampamento em Curitiba

Em entrevista ao BdF, Márcia Koakoski aponta falta de policiamento nas proximidades do local

Brasil de Fato | Curitiba (PR) |

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Marca de tiro em banheiro químico no acampamento Marisa Letícia; disparos foram realizados na madrugada de sábado
Marca de tiro em banheiro químico no acampamento Marisa Letícia; disparos foram realizados na madrugada de sábado - Gibran Mendes/CUT

Em entrevista ao Brasil de Fato, a advogada Márcia Koakoski, uma das vítimas do atentado ocorrido no último sábado (28) no Acampamento Marisa Letícia, em Curitiba (PR), disse que o local estaria sem proteção policial. A queixa foi apresentada também por organizadores e outros integrantes do grupo. 

Para a militante, que veio de Porto Alegre e dormiu no local durante três noites, a insegurança nos arredores teria criado condições para o ataque. Ela conta que o grupo já era alvo frequente de violência por parte de pessoas que circulam pelo bairro. Diante disso, a segurança passou a ser improvisada pelos próprios integrantes.  

"Nós fomos ofendidos do lado de fora de todas as formas. As pessoas passavam de carro, gritavam palavrões e jogavam pedra, paus, ovos. Ninguém pode dizer que não tinha conhecimento do que estava acontecendo. Foi uma tragédia anunciada", afirmou.  

A advogada disse ainda que interpreta o atentado como um ataque à liberdade de expressão dos grupos que defendem os valores democráticos. 

"Foi um atentado à democracia porque o que estava sendo feito lá nada mais era do que o exercício da democracia. As pessoas estão se armando pra atingir as pessoas que discordam da sua opinião", apontou. 

Durante o atentado, a militante ficou levemente ferida. Ela prestou depoimento à polícia e aguarda o resultado do exame de corpo de delito. A outra vítima, o militante Jefferson Lima de Menezes, atingido por um tiro no pescoço, recebeu alta da UTI no final da tarde desta segunda. Ele agora está em observação na enfermaria e tem quadro estável. 

Um inquérito criminal foi aberto no sábado e três pessoas foram ouvidas. Jefferson de Menezes deverá prestar depoimento quando for liberado do hospital.

A Polícia Civil trabalha dentro da linha de tentativa de homicídio. O advogado do acampamento, Ramon Bentivenha, destaca a preocupação do grupo com a celeridade das investigações e a identificação do criminoso, que ainda não foi identificado. 

"A defesa vai continuar pressionando pra que haja uma investigação séria, tal como está ocorrendo, e que o crime seja elucidado o mais breve possível", afirmou. 

Em nota divulgada à imprensa, a Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Curitiba pediu que as pessoas que tenham qualquer informação sobre o caso entrem em contato com a polícia por meio do telefone 0800-643-1121. A ligação é gratuita e anônima. 

O Brasil de Fato procurou a assessoria de imprensa da Secretaria de Estado da Segurança Pública e Administração Penitenciária do Paraná (SESP/PR) para tratar das críticas feitas nesta matéria.

O órgão disse que a Polícia Militar fazia rondas na região antes do atentado e que o trabalho teria sido reforçado após o ocorrido, com a utilização de mais viaturas. A assessoria não informou o contingente empregado.

Edição: Diego Sartorato