Voluntariado

Acampamento Lula Livre oferece serviços de saúde

Trabalho é possível graças à atuação de voluntários, como médicos, massoterapeutas e fitoterapeutas

|

Ouça o áudio:

Ivair Silva recebendo massagem do voluntário Valcir Santi, na tenda da saúde instalada no Acampamento Lula Livre, em Curitiba
Ivair Silva recebendo massagem do voluntário Valcir Santi, na tenda da saúde instalada no Acampamento Lula Livre, em Curitiba - Ricardo Stuckert

No meio da rotina puxada dos militantes que fazem política diretamente nas ruas, toda ajuda que chega é bem-vinda. Nos acampamentos LulaLivre que foram instalados pelo país nas últimas semanas, um dos trabalhos fundamentais tem sido o de profissionais que atuam nos cuidados com a saúde dos militantes.

Continua após publicidade

São massagistas, fitoterapeutas, auriculoterapeutas, médicos e estudantes de medicina. No acampamento localizado em Curitiba (PR), que tem atividades permanentes desde a prisão do ex-presidente Lula (PT), o voluntariado dos profissionais faz a diferença na rotina de gente como o comerciante Ivair Valerio da Silva.

Ele se deslocou de Belo Horizonte (MG) para a capital paranaense para reforçar a vigília nas proximidades da Superintendência da Polícia Federal, onde Lula está preso.

No meio das atividades, o comerciante resolveu dar uma paradinha para aproveitar o atendimento na tenda da saúde. Pra quem enfrentou 16 horas de estrada, a colaboração ajuda a garantir a energia necessária à militância.

Solidariedade

“É uma coisa que deixa a gente em dia pra luta porque você dorme em barraca, não tem muito conforto, então, fica todo quebrado. Ele está cuidando da galera e colocando a galera em forma pra luta”, afirma Silva.

O massoterapeuta Valcir Santi conta que visitou o acampamento para conhecer o espaço e logo decidiu se somar aos voluntários que ajudam a movimentar a engrenagem dos serviços oferecidos no local.

Morador de Curitiba, ele se considera um simpatizante da luta dos movimentos sociais, em especial do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST).

“Eles vieram me representar aqui com esse apoio ao Lula, com esse apoio à democracia, então, como brasileiro, como reconheço o movimento deles como algo ético, digno, vim me juntar a eles”, afirma Santi.

O massoterapeuta tem dedicado cerca de cinco horas por dia ao trabalho voluntário. Santi explica que a massagem ajuda a aliviar os sintomas de noites mal dormidas, gripes, pressões psicológicas e a fadiga.

“A massoterapia ajuda a fortalecer o corpo, soltar as tensões, aliviar as dores e o cansaço e dar um pouco de energia pra esses nobres guerreiros que estão aqui”, explica.

Coordenadora do espaço, a agricultora Maria Natividade de Lima, do MST, veio de um assentamento no interior do Paraná que fica a 100 quilômetros da capital para colaborar com a vigília.

Ela chegou no último dia 15 e tem feito atendimentos de fitoterapia e auriculoterapia, uma técnica da medicina alternativa que utiliza pontos do ouvido para diagnosticar e tratar dores no corpo.

Promoção de saúde

“Eu me sinto realizada dentro desse trabalho que a gente faz, porque a gente tem que ser útil onde estiver dentro do mundo. Não dá pra pensar só em dinheiro”, revela, iluminando o olhar.

Na tenda montada para a atuação dos profissionais de saúde, o trabalho funciona das nove horas da manhã às sete da noite. Cerca de 100 pessoas são atendidas diariamente por voluntários.

”É muita dedicação e muito ser humano”, celebra a agricultora, apontando o trabalho dos colegas.

Vínculo

A Rede de Médicos e Médicas Populares também realiza atendimentos de quem chega à tenda da saúde, mas a atuação de quem se voluntaria tem ido além da rotina do acampamento.

A estudante de medicina Marita Brilhante é integrante da rede, pela Paraíba onde mora, e chegou a fazer rodas de conversa, aplicação de práticas integrativas, como auriculoterapia, no acampamento montado em João Pessoa, que durou alguns dias. A instalação acabou, mas a relação com os participantes, não.

“Foi minha primeira experiência em acampamento e foi muito bom porque fiz amizade com algumas lideranças de mulheres e já estou combinando de fazer uma oficina num assentamento delas [no interior da Paraíba]”, conta a estudante, ao acrescentar a importância de conhecer as condições de vida para promover saúde.

Edição: Cecília Figueiredo