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Moradores do edifício no Largo do Paissandu falam sobre o desabamento do prédio em SP

Ouça os relatos de quem acompanhou de perto o incêndio e desabamento na região central de São Paulo

Agência Brasil |
Prédio de 24 andares desaba após Incendio no Largo do Paissandu em São Paulo
Prédio de 24 andares desaba após Incendio no Largo do Paissandu em São Paulo - Paulo Pinto/FotosPublicas

O fogo se alastrou por volta de 1h30 da madrugada de terça-feira (1). Os bombeiros tentavam resgatar moradores que estavam nos andares mais altos do edifício quando ele veio abaixo. Um homem que estava sendo resgatado naquele momento desapareceu nos escombros.

Um cadastro da prefeitura, feito no dia 10 de março, aponta que ocupavam o prédio 150 famílias de sem-teto, cerca de 400 pessoas. Ana Paula era uma delas. Enquanto o fogo se alastrava, ela ajudava os moradores a sair, mas não tem certeza se todos conseguiram. Ana Cristina morou no lugar por oito meses e contou como era a estrutura.

As chamas também atingiram o prédio em frente. O zelador e a família são os únicos moradores. Josimar Lopes Lima conta que tentou ajudar os vizinhos, até o momento em que ele próprio precisou fugir do fogo. O desabamento destruiu 80% da estrutura da igreja evangélica luterana, que fica ao lado. Outros três edifícios da região tiveram que ser desocupados por risco de novos desmoronamentos.

O prédio que desabou é de 1968, pertence ao governo federal e estava abandonado há pelo menos 17 anos. Segundo o Superintendente de Patrimônio da União, Robson Tuma, foram feitas seis reuniões com a prefeitura de São Paulo para negociar a cessão do imóvel. Segundo ele, as secretarias de Cultura e de Educação do município seriam instaladas ali. Em troca a prefeitura garantiria espaço para abrigar os sem-teto, mas não houve tempo para resolver o problema.

Apenas na região do desmoronamento, outros oito prédios estão ocupados por famílias sem-teto. A prefeitura contabiliza mais de 70 prédios ocupados e outros 200 imóveis na mesma situação. 

O presidente Michel Temer esteve muito rapidamente no local. Ele explicou o motivo de a União não ter pedido a reintegração de posse. Segundo eles, foi por causa das famílias que ali habitavam. O presidente também disse que o governo está oferecendo suporte às vítimas, mas teve que deixar o lugar às pressas porque foi hostilizado por moradores, que lançaram objetos contra ele. Algumas pessoas deram murros e pontapés no carro oficial e ele deixou o lugar escoltado pela polícia.

Segundo o capitão do Corpo de Bombeiros, Marcos Palumbo, só depois de 48 horas, é que as máquinas vão começar a ser usadas para remover as lajes. A previsão dos bombeiros é de que os trabalhos durem pelo menos uma semana. As famílias desabrigadas estão sendo levadas para um albergue, mas um grupo protesta e está acampado próximo, em frente à igreja Nossa Senhora dos Homens Pretos, no Largo do Paissandu. Eles se recusam a ir para abrigos.

Em entrevista coletiva no final da tarde desta terça, a prefeitura anunciou que a Defesa Civil vai fazer vistorias nos 70 prédios ocupados por movimentos de habitação da capital.

 

Edição: Redação