Alimentação saudável

Coco babaçu, pequi e mel da Jataí: o que encontrar na 3ª Feira da Reforma Agrária? 

O Brasil de Fato traz os destaques dos mais de 1,2 mil itens das cinco regiões encontrados no evento

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Produtores viajaram por até três dias para disponibilizar a produção dos assentamento na capital paulista
Produtores viajaram por até três dias para disponibilizar a produção dos assentamento na capital paulista - José Eduardo Bernardes

Do coco babaçu, cultivado no estado do Maranhão, à cachaça da Guavira, bebida feita da fruta típica do cerrado: a terceira edição da Feira Nacional da Reforma Agrária traz para a capital paulista a diversidade da produção dos assentamentos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) nas cinco regiões do país. 

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Durante os quatro dias de evento, mais de 350 toneladas de alimentos, produzidos nos 23 estados onde o movimento é organizado, serão comercializados no Parque da Água Branca, na zona Oeste de São Paulo (SP).

A delegação maranhense, por exemplo, viajou três dias de ônibus de Imperatriz (MA) para levar ao público paulista o que é produzido no estado pelos sem-terra. O destaque é a garrafinha de azeite de babaçu, comercializada a R$ 10, que pode ser usada tanto para a preparação de alimentos como para fins cosméticos. 

Mileny Alves, do assentamento Vila Conceição, localizado no município de Santa Filomena (MA), gosta de usar o produto para hidratar os cabelos. Ela conta que o estado é responsável por 90% da produção do coco babaçu, importante fonte de renda para mulheres quebradeiras de coco da região. 

Da palmeira do coco babaçu se aproveita tudo: o leite, a casca para fazer carvão, mesocarpo para produzir a farinha e a folha para o artesanato — todos produtos finais encontrados na feira. O pacote de amêndoa do fruto da árvore é vendido a R$ 5.

Na tenda do estado nordestino também é encontrada a Cachaça de Tiquira, cuja base é a mandioca, batata-doce, doce de buriti, fava, abóbora e inhame. 

Para os sem-terra do Rio Grande do Sul, o carro-chefe é o arroz. O MST é o maior produtor de arroz orgânico da América Latina. No evento, os gaúchos trouxeram toda a gama de produção do movimento: cateto à vácuo (R$ 5), integral preto (R$ 8) e integral vermelho (R$ 15).

O produto também é utilizada para confeccionar a farinha do arroz, cujo pacote sai a R$ 5. O produto é a base dos bolos orgânicos que também são encontrados na feira em São Paulo. No local, os consumidores também podem comprar mate e ver uma réplica do processo de moer a erva. 

Mas a novidade deste ano para os gaúchos é a cerveja artesanal Popular, vendida a R$ 14 a garrafa de 600ml. 

Do centro-oeste, quem passa pela feira encontra o mais famoso alimento de Goiás: o pequi. Os sem-terra do assentamento Olga Benário, localizado no município de Ipameri, no sudeste goiano, produzem o licor de pequi, vendido a R$ 15. O fruto também é encontrado em conserva, que pode ser utilizado para cozinhar arroz e temperar saladas.

Outro representante do cerrado é a guavira, fruta colhida entre os meses de novembro e janeiro e que, na Feira Nacional da Reforma Agrária, é o ingrediente principal de licores, sucos, bombons e geleias. Na feira, a cachaça da guavira, produzida pelos assentados no município de Sidrolândia (MS), pode ser encontrada R$ 25.

Outra expressão do estado é o mel de Jataí, de origem de pequenas abelhas nativas que não possuem ferrão. 

O produto tem sabor e valores nutricionais superiores ao mel comum. O pote é encontrado a R$ 40. "É um remédio", afirmam os agricultores do assentamento Silvio Rodrigues, em Alto Paraíso (GO).

Na mesma banca, também é vendida a castanha de cumbaru, espécie de amendoim encontrado no centro-oeste, e a farinha de Jatobá.

Na tenda do Pará, os sem-terra hidratam na hora a puba, massa extraída da mandioca fermentada e que é usada para fazer bolos e mingaus. O pacote que é vendido a R$ 8. 

Mas os produtos paraenses mais procurados são os ingredientes dos pratos típicos do estado: castanha do Pará, pimenta curtida no tucupi e polpa de cupuaçu. Além dos alimentos, a produção do assentamento Palmares II, no município de Parauapebas (PA), também é composta itens de uso medicinal, como o óleo de andiroba.

O café plantado e torrado no assentamento Valdício Barbosa, no Espírito Santo, é outro destaque da feira. 

Os produtores capixabas também comercializam farinha, açafrão, maracujá, coco-seco e a pimenta da marca Terra dos Sabores, criada pelo sem-terra há três anos.

A 3ª Feira Nacional da Reforma Agrária ocorre até o próximo domingo (6), das 8h às 20h.

* Todas as fotos desta reportagem são de José Eduardo Bernardes / Brasil de Fato

Edição: Juca Guimarães