Moradia

Dia de festa e resistência na comunidade Ricardo Brindeiro em João Pessoa (PB)

Comunidade luta há mais de 30 anos pelo direito à moradia; lideranças denunciam aumento da ameaça de despejo

Brasil de Fato | João Pessoa (PB) |
Durante o evento, foram realizadas diferentes oficinas para adultos e crianças
Durante o evento, foram realizadas diferentes oficinas para adultos e crianças - Christian Woa

Na semana do trabalhador, comunidade Ricardo Brindeiro, que luta há mais de 30 anos pelo direito à moradia no bairro do Altiplano, em João Pessoa (PB), reuniu moradores e convidados para celebrar o dia do trabalhador e da trabalhadora. O clima de festa, com feijoada e oficinas sobre horta comunitária e autocuidado com a saúde, além de atividades direcionadas para as crianças com perna de pau, percussão, recreação e apresentação do palhaço Aperreio, foi misturada às palavras de luta e resistência.

Para Gleyson Ricardo, do Movimentos dos Trabalhadores e das Trabalhadoras por Direitos (MTD), “o evento ajudou a dar visibilidade à comunidade, às pessoas que ali vivem. Para a própria comunidade, foi um momento de celebrar a resistência de mais de trinta anos de ocupação e do processo mais recente de rearticulação da comunidade”.

Ana Paula, moradora e uma das lideranças, contou que o evento “foi muito bom, receber as pessoas que apoiam a luta da comunidade é muito importante para dá força para gente”, e completou “tenho certeza que nossa luta será vitoriosa”.

 

A celebração popular contou com feijoada e oficinas sobre horta comunitária e autocuidado com a saúde/Christian Woa

 

A comunidade recebeu durante o evento o nome de Ricardo Brindeiro, em memória ao lutador do povo e militante popular pernambucano de forte trajetória na Paraíba, falecido em 2013.

“A comunidade foi batizada assim porque Ricardo Brindeiro foi uma pessoa que dedicou toda sua vida as lutas dos mais pobres”, explicou Glayson. “Ele se inseriu nas comunidades e contribuía com a luta do povo. Brindeiro sempre esteve presente na luta por moradia, dos sem-teto, dos sem-terra, sempre foi exemplo”, completou.

A luta dos moradores da comunidade Ricardo Brindeiro já se estende há anos e, mais recentemente, a ameaça de despejo tem aumentado. Moradores do local afirmam que o motivo é uma articulação entre a prefeitura e o até então suposto dono do terreno que teria vendido o espaço para uma construtora. A comunidade denunciou a prefeitura por não explicar os motivos de estarem marcando suas casas e por tentarem forçar os moradores a se retirarem, com uma ajuda de custo irrisória de duzentos reais.

Nesse cenário, a comunidade vem se organizando e resistindo a essa situação. Como afirma a moradora Maria da Conceição, “eu acho muito bom morar aqui. Eu não saio da minha casa de jeito nenhum. Onde se aluga uma casa com duzentos reais? Com esse dinheiro, ele alugue uma casa e vá morar”.

Edição: Homero Baco