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Paulistanos se encontram com os frutos da reforma agrária

Centenas de milhares de pessoas visitaram a III Feira Nacional da Reforma Agrária, em São Paulo

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Paulistanos destacam variedade e preço justo dos produtos da reforma agrária vendidos no Parque da Água Branca
Paulistanos destacam variedade e preço justo dos produtos da reforma agrária vendidos no Parque da Água Branca - Fotos: Leonardo Fernandes

A expectativa de público da III Feira Nacional da Reforma Agrária foi superada já nos primeiros dias do evento. Milhares de pessoas passaram pelo Parque da Água Branca, localizado na zona oeste da capital paulista, desde a última quinta-feira (3). 

Lúcia Ferreira levou a mãe de 85 anos para conhecer o evento. Ela conta que é a primeira vez que visita a feira.

“Eu já sabia da feira, mas perdi o ano passado. Mas aí esse ano eu coloquei no meu calendário e disse: não vou perder. Eu comprei mais frutas e verduras nos dois primeiros dias e hoje eu comprei mel, castanha do Pará, comprei mais feijão, já tinha comprado arroz cateto. Hoje eu comprei alho, por exemplo. Tem alho mais barato? Até tem, mas esse você sabe que é orgânico. Mas no geral, as outras coisas, como, por exemplo, a tangerina, a R$ 6,00 a dúzia. É o preço do que não é orgânico. Então está muito bom”. 

Zé Paulo é outro que resolveu dedicar tempo à Feira da Reforma Agrária, atraído principalmente pelo preço justo. “A feira é uma demonstração de que os produtos agroecológicos, orgânicos, não precisam ser caros. Na verdade, é uma oportunidade pra gente que é consumidor, e para o produtor que está vendendo direto para o consumidor, sem o atravessador. É uma pena que só tenha uma vez por ano”. 

Já a dona de casa Márcia se encantou pela variedade de produtos oferecidos. “O que eu achei legal é a variedade de frutas, coisas que você não vê normalmente em oferta. E o fato de ter coisas de todos os lugares, diferentes, como a farinha de banana, que a gente não sabe nem como usar, e o pessoal é super solícito pra explicar. Então eu achei um máximo. Falei pra um monte de gente. Tomara que tenha sempre”.

Em uma cidade construída por migrantes de todas as partes do país, Alcione França, maranhense, migrada em 1994 para São Paulo, retornou às suas origens e se emocionou.

“É o primeiro ano que eu venho aqui. Eu não sabia. Estou encantada. Eu abraço todo mundo, porque eu voltei lá na minha origem. Eu sou do Maranhão, moro aqui desde 94. Eu estou emocionada com o rosto de cada um desse povo, feliz. Eu vi neles a imagem das pessoa que eu perdi, que eu amava, que são meus avós. Porque eu plantei, eu colhi, eu comi, eu vivi, eu sorri. Meu avô cedia terra para as pessoas plantarem. Eu estou muito emocionada”, contou.

Ela aproveitou para matar a saudade dos sabores da sua terra. “Aqui tem farinha, milho verde, tem pimenta no leite de coco babaçu, azeite de coco babaçu, tem arroz torrado, tem maracujá. E eu só vou levar esse pouquinho agora porque eu vou em casa. Porque depois eu vou vir comer, lógico, e comprar tudo que eu quiser de novo”. 

A III Feira Nacional da Reforma Agrária é uma realização do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e termina neste domingo (6) com a apresentação do cantor Martinho da Vila. A entrada é gratuita.

Edição: Diego Sartorato