De 1974 a 1985

CIA diz que Geisel e Figueiredo autorizaram execuções de presos políticos

O documento estava disponível na internet desde 2015, mas foi descoberto só agora

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Ex-presidente Geisel governou o Brasil de 1974 a 1979
Ex-presidente Geisel governou o Brasil de 1974 a 1979 - PR/Arquivo

Documento da CIA, Agência de Inteligência dos Estados Unidos, revela que pelo menos dois presidentes brasileiros da ditadura militar ordenaram a “execução sumária”, imediata, de opositores ao regime. O relatório foi tornado público e está disponível no site oficial do Departamento de Estado norte-americano.

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No documento, é relatada uma reunião entre o então presidente recém-empossado general Ernesto Geisel e o chefe do SNI, Serviço Nacional de Informações, João Baptista Figueiredo, que sucedeu Geisel na presidência. Também participaram os generais Milton Tavares de Souza e Confúcio Danton de Paula Avelino – respectivamente o ex-chefe e o então chefe do CIE, Centro de Inteligência do Exército.

A reunião ocorreu no dia 30 de março de 1974. Segundo o documento, o general Milton contou que cerca de 104 opositores foram executados durante um ano, na presidência do general Garrastazu Médici. Figueiredo defendeu a continuidade dos assassinatos. Em nova reunião, no dia 1º de abril, Geisel determinou ao general Figueiredo que as execuções continuassem e que a ordem de matar um preso deveria ser dada pelo próprio Figueiredo.

O relatório foi enviado em abril de 1974 pelo ex-diretor da CIA William Egan Colbim ao então secretário de Estado dos Estados Unidos, Henry Kissinger. O documento estava disponível na internet desde 2015, mas foi descoberto agora pelo professor de Relações Internacionais da Fundação Getulio Vargas (FGV), Matias Spektor e divulgado nesta quinta-feira (10).

De acordo com o professor, o documento confirma as informações de historiadores e da Comissão Nacional da Verdade.

Para Matias Spektor, o relatório reafirma a necessidade da abertura dos arquivos da ditadura que ainda estão inacessíveis aos pesquisadores.

O Ministério da Defesa respondeu por meio de nota do Exército Brasileiro que foram destruídos os documentos sigilosos referentes ao período do relatório e que poderiam comprovar se os fatos narrados são verdadeiros. A destruição, segundo a nota, ocorreu de acordo com as normas existentes à época.

 

 

 

Edição: Radioagência Nacional