Pernambuco

FUTEBOL

Sem investimento na base, Pernambuco fica fora da Copa

Após mais de 30 anos, a Seleção brasileira desta Copa não terá atletas pernambucanos

Brasil de Fato | Recife (PE) |
Vavá (prim. à esq.) foi o pernambucano escalado para o seleção que ganhou o primeiro título mundial.
Vavá (prim. à esq.) foi o pernambucano escalado para o seleção que ganhou o primeiro título mundial. - Arquivo CBF

Nessa segunda-feira (14) o técnico Tite anunciou os 23 jogadores convocados para o mais importante evento futebolístico: a Copa do Mundo. Sem surpresas, o time que vai representar o Brasil na Rússia não tem atletas pernambucanos. A ausência de jogadores da nossa terra na Canarinho que vai à Copa é algo que não acontecia desde 1986.

A história do nosso estado em copas do mundo teve início em 1950, com Ademir Menezes, o Ademir “Queixada” (foto abaixo). O recifense, que iniciou a carreira no Sport, viveu seu auge no futebol carioca, foi titular e artilheiro naquela Copa do Mundo cuja final marcou tragicamente a história da Seleção, com o “Maracanazo”.

No nosso primeiro título mundial, em 1958, foi a vez do jovem atacante Vavá (foto acima), também fruto da base do Sport. Ele voltaria a marcar presença no bi mundial de 1962, desta vez como artilheiro, com 5 gols, ficando conhecido como “Leão da Copa” por ser incansável. Aquela equipe de 1962 também contava com o volante Zequinha, olindense que se destacou no Santa Cruz. Na Copa de 1966 foi a vez do lateral-esquerdo Rildo e do histórico goleiro Manga, ambos jogando no Botafogo, mas recifenses e crias do Sport.

Após intervalo de 24 anos sem um pernambucano em Copa do Mundo, foi a vez do zagueiro Ricardo Rocha (foto abaixo) representar o estado com a camisa verde e amarela. Revelado no Santa Cruz, Rocha esteve nas copas de 1990 e 1994, trazendo o tetra da Seleção Brasileira.

Em 1998 e no penta de 2002 a criação de jogadas do Brasil esteve sob responsabilidade de Rivaldo (no fim da matéria). Com a camisa 10 nas costas, ele chamava a responsabilidade em campo e fugia dos holofotes fora das quatro linhas. O canhoto revelado no Santa Cruz conquistou com a camisa do Barcelona os prêmios de Melhor do Mundo da FIFA, Ballon D’Or e World Soccer. Rivaldo foi possivelmente o maior jogador nascido em nossa terra.

Completando a sequência de sete copas com presença pernambucana, tivemos jogadores nas copas de 2006, 2010 e 2014. Na primeira foi o meia Juninho Pernambucano, formado na base do Sport. Quatro anos depois foi a vez do volante Josué, nascido em Vitória de Santo Antão e revelado pelo Porto de Caruaru. Por último, em 2014, tivemos o volante Hernanes, com passagem pelo futsal do Santa Cruz e que atuou na base do já extinto Unibol. Nenhum trouxe a taça e nem foram titulares.

Foram 10 pernambucanos. Mas desde 2014 não temos atletas nascidos no nosso estado sequer convocados para a Seleção. O talento não é só “dom”, mas também preparação. E, considerando que Josué e Hernandes se profissionalizaram, respectivamente, no Goiás e no São Paulo, podemos dizer que há pelo menos duas décadas os clubes do estado não conseguem formar jogadores a nível de Seleção principal. A exceção é Douglas Santos, sergipano formado no Náutico, convocado para amistosos e uma Copa América, entre 2013 e 2016. Mas além dele, os jovens nascidos entre os anos 1990 e 2000 e que passaram pelas categorias de base dos principais clubes do nosso estado não conseguiram ir tão alto nas suas carreiras.

No que concerne formação de atletas, equipes como São Paulo, Corinthians e Santos são exemplos a serem seguidos. É verdade que esses possuem uma realidade financeira muito distante da nossa. Então que nos espelhemos no Vitória da Bahia, citado em 2007 pela Gazzetta Dello Sport como “um dos maiores celeiros de craques do mundo”. Nas últimas décadas o Leão da Barra formou o goleiro Dida, o volante Vampeta, o atacante Bebeto, além de ter “garimpado” e profissionalizado o zagueiro David Luiz (SP) e os atacantes Hulk (PB) e Marcelo Moreno (Bolívia).

Para além do orgulho dos pernambucanos na Copa do Mundo, investir nas categorias de base é o caminho para a sustentação financeira dos clubes de futebol.

Edição: Monyse Ravenna