Golpista

Dirigente do MST analisa os 2 anos de Temer no governo federal

João Paulo Rodrigues falou sobre as consequências para a população das medidas apresentadas durante este período

Brasil de Fato | São Paulo |

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Reforma Trabalhista e tentativa de Reforma da Previdência estão entre os principais retrocessos destes dois anos
Reforma Trabalhista e tentativa de Reforma da Previdência estão entre os principais retrocessos destes dois anos - Agência Brasil

O dirigente do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) João Paulo Rodrigues falou sobre as consequências para a população das medidas tomadas pelo atual governo, nos últimos dois anos.

Em entrevista à Rádio Brasil de Fato, o líder sem-terra analisou as consequências da Reforma Trabalhista , a tentativa de Reforma da Previdência e lembrou do projeto de privatizações apresentado por Michel Temer.

Confira trechos da conversa:

Brasil de Fato: Para marcar estes 2 anos no governo, Temer preparou uma cartilha com um resumo das ações que promoveu. Como você avalia este período?

João Paulo Rodrigues: A frase do Michel Temer ilustra bem. O Brasil voltou 20 anos em 2 anos. Foi um bom slogan. Estamos 20 anos atrasados e esse retrocesso ele acontece em grandes frentes. O primeiro foi na política de ajuste fiscal. Corta parte do estado brasileiro que é justamente a parte que era para atender as pessoas mais pobres: na política de segurança, saúde, educação e nas políticas de bolsa família.

A segunda grande frente foi justamente na política das reformas. Na Reforma Trabalhista, que foi uma tragédia do ponto de vista da organização do movimento sindical e para o direito dos trabalhadores. E a tentativa em curso da Reforma da Previdência. Que também vai trazer implicações muito grandes para o conjunto dos trabalhadores do Brasil.

A terceira grande frente dele foi a tentativa de privatização do Estado brasileiro. Ele vendeu parte do pré-sal, vendeu parte da distribuição da Petrobras e quer vender parte da empresa, então, houve uma tentativa de privatização do setor elétrico, ou seja, um conjunto de privatização do Estado brasileiro. Ou seja, não temos nada para comemorar nos dois anos do governo golpista do Michel Temer. 

Como você enxerga o cenário das nossas estatais neste contexto de privatizações?

Olha, é o período mais difícil que estamos vivendo. Porque no governo Fernando Henrique havia um processo de privatização que nós conseguimos, com muita dificuldade, pelo menos fazer um debate público. Houve um debate muito grande na sociedade e isso nós não estamos conseguindo fazer no processo de privatização do governo golpista do Michel Temer. É o programa que quer vender um patrimônio sem ter legitimidade.

Temer disse que tirou o Brasil do Vermelho. Quem é esse brasileiro que Temer disse ter tirado do vermelho?

O único vermelho que ele tirou foi o vermelho da bandeira do PT. Que era o partido que estava a frente do governo. Do ponto de vista econômico, do ponto do desenvolvimento do país ele colocou o país no vermelho. O número do desemprego demonstra isso, o que foi apresentado em relação a política de habitação mostra o país no vermelho. O aumento da população em situação de rua, o aumento do trabalho análogo à escravidão. Eu acho que a economia brasileira nem dá para avaliar do ponto de vista dos ganhos ou das perdas do ponto de vista do PIB, é do ponto de vista do quanto a vida da população piorou. É impressionante como os meios de comunicação não fazem um debate franco sobre os problemas sociais que o Brasil enfrenta. 
 
Mais de um mês que o presidente Lula está em Curitiba e eu gostaria que você falasse sobre esta segunda etapa do golpe.

O golpe tem várias frentes de atuação. A frente número um foi a frente do grande capital, do mercado financeiro.  Financiou o golpe colhendo resultados com esta política desastrosa e estão com o lucro lá em cima. A segunda frente do golpe foi o funcionamento do partido da Justiça que é uma combinação de Lava Jato, Rede Globo e companhia limitada. Fizeram uma devassa na vida do ex-presidente Lula. E o resultado disso é o ex-presidente Lula preso. A terceira frente deles são as mobilizações da classe média fascista que criou uma onda de ódio no conjunto da sociedade. E por último, não menor, os partidos de oposição. A prisão do presidente Lula é a segunda frente, dentro deste golpe todo. 

Edição: Tayguara Ribeiro