Diversidade

Pesquisa mostra que SP ainda é cidade hostil para a população LGBT

Estudo da Rede Nossa São Paulo em parceria com o Ibope Inteligência traz Índice LGBTfóbico

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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São Paulo sedia a maior parada gay do Brasil, mas sua população ainda tem preconceito com pessoas LGBT
São Paulo sedia a maior parada gay do Brasil, mas sua população ainda tem preconceito com pessoas LGBT - Foto: Leo Pinheiro / Fotos Públicas

A pesquisa “Viver em São Paulo: Diversidade”, realizada em parceria entre o Ibope e a Rede Nossa São Paulo e lançada nesta terça-feira (22), criou um Índice de LGBTfobia para medir como os paulistanos compreendem e acolhem, ou não, questões relacionadas à vida de pessoas de diferentes orientações sexuais.

Segundo o levantamento, mais da metade dos paulistanos já presenciou ou experimentou situações de preconceitos contra lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e outros gêneros em espaços públicos.

“A gente tem, num patamar de quase metade da mostra, 46%, citando [casos ocorridos no] transporte público, e 51% vivenciando ou presenciando algum tipo de preconceito nos espaços públicos da cidade”, ressalta Patricia Pavanelli, diretora do Ibope Inteligência.

Américo Sampaio, coordenador de projetos da Rede Nossa São Paulo, explica que quanto mais distante da vida cotidiana do entrevistado, mais favorável ele foi quanto aos temas LGBTs. Por exemplo, quando questionados se são a favor ou contra “leis de incentivo à inclusão de LGBT+ no mercado de trabalho”, 54% responderam positivamente.

Já quando perguntados sobre a instalação de “banheiros unissex sem demarcação de gênero”, 52% se manifestaram contrários. Em relação a “pessoas do mesmo sexo demostrarem afeto, como beijos e abraços, em locais públicos”, 43% também se disseram contrários.

“A pesquisa revela certo preconceito velado, mas, ao mesmo tempo, sem dúvida nenhuma, revela uma grande hipocrisia da sociedade paulistana com relação a pauta LGBT”, destaca Américo.

O Ibope também pediu que os entrevistados avaliassem a atuação do governo municipal no combate à violência contra esse público. 46% dos respondentes disseram que a Prefeitura tem feito pouco, enquanto 28% afirmam que ela não tem feito nada.

“Apenas 2 em cada 10 paulistanos identificam que a prefeitura vem fazendo alguma coisa. Então, de fato, por mais que haja uma hipocrisia, um distanciamento da população paulistana com relação a esse tema, há um reconhecimento de que a prefeitura vem atuando de maneira extremamente tímida e ineficaz”, diz o coordenador da Rede Nossa São Paulo.

Amara Moira, transexual, doutora em literatura, participou do lançamento da pesquisa e lembrou que o pequeno avanço quanto a direitos da população LGBT não está atrelado ao poder público. 

“Por mais avançado que seja, não é uma questão de que o governo tem feito grandes coisas para nos proteger aqui. É simplesmente um lugar onde tem uma concentração tão grande de LGBTs que a gente está conseguindo se organizar e impor a nossa presença na sociedade para poder chamar esta sociedade de nossa.”

A pesquisa ouviu 800 pessoas de ambos os sexos, com 16 anos de idade ou mais.

Edição: Diego Sartorato