Economia

Petroleiros iniciam greve de alerta contra gestão de Parente nesta quarta-feira

Categoria exige saída do presidente da companhia e revisão dos preços de derivados

Brasil de Fato | Brasília (DF) |

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Pedro Parente foi escolhido por Temer para aplicar política de desvalorização e privatização da Petrobras
Pedro Parente foi escolhido por Temer para aplicar política de desvalorização e privatização da Petrobras - Foto: Rogério Melo/PR

Os petroleiros iniciam uma “greve de alerta” a partir do primeiro minuto desta quarta-feira (30). De acordo com José Maria Rangel, coordenador da Federação Única dos Petroleiros (FUP), a greve é uma advertência à “atual administração pela política equivocada” em relação aos derivados do petróleo.

A previsão é que a paralisação – que deve envolver refinarias, plataformas e terminais – dure ao menos 72 horas. Ao final do dia, a FUP deve emitir um balanço da interrupção do trabalho nas unidades da estatal. 

A categoria pede a redução do preço do diesel, da gasolina e do gás de cozinha através do abandono da política adotada a partir de outubro de 2016 com a gestão de Pedro Parente à frente da companhia.

Rangel afirma que a principal razão para o aumento do preço dos derivados foi a decisão de atrelar os reajustes do preço doméstico ao internacional, o que retirou competitividade da Petrobras, que tem capacidade de refinar petróleo abaixo dos custos estrangeiros.

Abaixo da capacidade

“Isso faz com que ela exporte óleo cru e importe o derivado com valor agregado. Nós temos todo petróleo necessário para abastecer o mercado interno. Nossa pauta coloca também a suspensão do processo de privatizações em curso na companhia. Se esse for adiante, o brasileiro vai pagar ainda mais caro. Para fechar, nossa pauta coloca a saída de Pedro Parente, que já causou dois apagões no país”, diz o sindicalista. 

O primeiro “apagão” ao qual Rangel se refere ocorreu no início dos anos 2000, quando Pedro Parente era ministro das Minas e Energia no governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e o país enfrentou uma grave crise energética. 

A Petrobras já anunciou a intenção de vender quatro refinarias –no Rio Grande do Sul, Paraná, Bahia e Pernambuco. Alexandre Castilho, diretor do Sindicato dos Petroleiros Unificado de São Paulo, afirma que a política da Petrobras a partir de 2016 faz com que hoje as refinarias operem abaixo de sua capacidade máxima. 

“Praticamente 30% do mercado nacional está sendo atendido por importação de derivados. Em paralelo, diminuíram a carga de produção nas refinarias, que hoje está na média de 70%”, afirma. 

As frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo convocaram atos unitários para esta quarta-feira em apoio à greve dos petroleiros. 

“Enquanto Temer e sua base atuam para entregar a Petrobras às empresas multinacionais, agravando o problema dos preços do gás e dos combustíveis, nós dizemos que ela [a estatal] é do Brasil. É patrimônio do nosso povo e vamos continuar a defendê-la”, aponta documento assinado por ambas as frentes.

“Está claro que o caos que o nosso país vive é fruto direto da falta de democracia e de um governo ilegítimo que está de costas para o povo. Por isso, mais do que nunca, é fundamental garantir eleições livres e democráticas com a participação de todas as candidaturas”.

Ação contra a greve

A pedido da direção da Petrobras e a Advocacia-Geral da União (AGU), por meio de uma petição, foi concedida pela ministra Maria de Assis Calsing, do Tribunal Superior do Trabalho (TST), liminar impedindo o início da greve dos petroleiros. 

A decisão foi tomada no início da noite desta terça-feira (29). A ministra entendeu que a greve seria abusiva e "realizada para incomodar". Em caso de descumprimento da liminar, os sindicatos da categoria deverão pagar multa diária de R$ 500 mil.

Não havia, até o fechamento desta matéria, nenhum comunicado oficial informando alteração na agenda de paralisações prevista pelos petroleiros. 

Edição: Diego Sartorato