Greve

Milhares protestam em São Paulo pela redução do preço do combustível e gás de cozinha

Convocado pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, ato exigiu a saída imediata do presidente da Petrobras

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Os aumentos consecutivos no gás de cozinha levaram 1,2 milhão de brasileiros a voltar a cozinhar com lenha e carvão em 2017, segundo o IBGE
Os aumentos consecutivos no gás de cozinha levaram 1,2 milhão de brasileiros a voltar a cozinhar com lenha e carvão em 2017, segundo o IBGE - Rute Pina/Brasil de Fato

O ato pela redução do preço do combustível e do gás em São Paulo (SP) reuniu cerca de 2 mil pessoas nesta quarta-feira (30).

O protesto começou por volta das 18h. Os manifestantes fecharam as quatro faixas da avenida Paulista, sentido Paraíso, e marcharam cerca de 500 metros entre os dois prédios que abrigam os escritórios da Petrobras. Entre as palavras de ordem, eles criticaram o governo de Michel Temer (MDB) e a gestão de Pedro Parente, atual presidente da estatal.

Nas faixas, manifestantes lembraram o interesse de petrolíferas estrangeiras na privatização da estatal brasileira. “MiShell Temer e Pedro Parente não vendam a Petrobras”, lia-se em um dos cartazes, em alusão à anglo-holandesa Shell.

Luciana Ferreira, militante do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) que mora em Embu das Artes, município da região metropolitana de São Paulo, lamentou o preço do gás de cozinha e dos combustíveis. “Ninguém ganha o suficiente para arcar com esses aumentos abusivos. Nosso salário permanece o mesmo. Então, fica cada vez mais difícil para os trabalhadores e pais de família”, disse.

Em dois anos de governo Temer, o gás de cozinha teve a maior alta em 15 anos. Os aumentos consecutivos levaram 1,2 milhão de brasileiros a voltar a cozinhar com lenha e carvão em 2017, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Já o preço da gasolina subiu 13 vezes somente em maio deste ano.

Política de preços

A professora aposentada Francisca Gomes Bezerra decidiu prestar solidariedade à greve dos petroleiros, iniciada às 0h desta quarta (30), e dos caminhoneiros, que se encontra no décimo dia.

“A política de preços dos combustíveis só vem piorar a situação do Brasil economicamente, deixando a população em situação mais difícil do que estava. E a gente sabe que este aumento vai impactar a vida de todos, principalmente dos mais pobres”, afirmou ela, que segurava um cartaz contra uma possível intervenção militar.

Convocado pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, que juntas reúnem mais de 100 sindicatos, partidos e movimentos populares, o ato pediu a saída imediata de Parente da presidência da estatal. 

O pretroleiro Venâncio Barcante endossou o coro pela saída de Parente. Ele criticou a política de preço da gestão neoliberal do presidente da empresa, baseada nos mercados internacionais.

“É uma gestão totalmente criminosa. Ele veio para destruir a Petrobras”, criticou.

Uma pesquisa do Datafolha mostrou que mais da metade dos brasileiros, 55% dos entrevistados, é contra a privatização da Petrobras. Além disso, 74% das pessoas ouvidas pelo instituto afirmaram que se opõem à venda da estatal a empresas estrangeiras.

O ato na capital paulista se encerrou por volta das 20h.

Edição: Thalles Gomes