Diversidade

1ª Marcha do Orgulho Trans reúne milhares de pessoas no Largo do Arouche em São Paulo

Com o objetivo de dar visibilidade a demandas de travestis, transgêneros e transexuais, o evento reuniu ativistas

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Marcha passa pela Avenida São João; milhares de pessoas acompanham as intervenções artísticas e falas políticas durante trajeto
Marcha passa pela Avenida São João; milhares de pessoas acompanham as intervenções artísticas e falas políticas durante trajeto - Foto Paulo Pinto/FotosPublicas

O Brasil é o país que mais mata travestis, transexuais e transgêneros com uma pessoa assassinada a cada 48 horas. Em 2017, foram 185 mortos, maior número já registrado pelo observatório de violência trans.

Os dados são do Dossiê: A carne mais barata do mercado, lançado no início deste ano, com dados do Observatório da Violência, mantido pelo site Observatório Trans.

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Nesses seis primeiros meses de 2018, o país já contabiliza 71 assassinatos. Neon Cunha, mulher trans e ativista afirma que a 1ª Marcha do Orgulho Trans, ocorrida no centro da capital paulista, ajuda na disputa da sociedade para que as pessoas trans sejam vistas como pessoas com direitos, inclusive o direito à vida.

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"Porque simplesmente a nós [pessoas trans] não é conferida a condição de humanas. Então, não dá para falar de alteridade e empatia quando nós não somos humanas". 

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A luta contra a invisibilidade e marginalização pautou inúmeras falas de homens e mulheres trans durante a marcha, que ocorreu no Largo do Arouche. Verônica Valentino, travesti e atriz, falou sobre a simbologia da Marcha partir desse lugar. "Um lugar onde  várias foram exterminadas, várias morreram".

A necessidade da sociedade naturalizar e não estigmatizar a presença de corpos trans no espaço foi o ponto apontado por Jhulia Santos, travesti e arte ativista de Belo Horizonte, como um dos mais urgentes para a comunidade trans.  Ele conta também como a luta das pessoas trans precisa levar em consideração a intersecção com outras pautas como a questão de classe e o racismo. "Além de travesti eu sou negra, e minha cor é o que chega primeiro e esses espaços sociais não foram pensados para mim também enquanto negra".

Além de pessoas trans, a marcha estava repleta de pessoas cisgêneras, ou seja, pessoas cujo gênero é o mesmo que o designado em seu nascimento havendo uma concordância entre a identidade de gênero de um indivíduo com o gênero associado ao seu sexo biológico e/ou designação social.

Muitos pais e crianças acompanharam a marcha como Carla Patrícia, mãe de uma mulher trans que se tornou militante da causa na cidade de Bauru/SP e criou o Grupo Nacional Mães Pela Diversidade. Ela destaca o quanto é essencial os pais se engajarem na luta.

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"Essa marcha hoje tem uma importância muito grande porque isso é visibilidade, é a transformação de uma sociedade.  A gente luta de forma diária porque não é só a trans, o trans, a lesbica e o gay, mas toda mãe e pai que apoia esse filho".

Depois de percorrer a Avenida São João, a marcha voltou ao seu ponto de partida no Largo do Arouche e contou com mais falas políticas e atrações musicais com a Mulher Pepita, Leona Vingativa, MC Dellacroix, Tiely Queen, Erick Barbi, Liniker, Johnny Hooker e a DJ Ledah Martins.

Confira abaixo algumas fotos.

                                                                                                                                Foto: Mídia Ninja

Pessoas de fora da cidade vieram também para marchar contra o preconceito. Foto: Juliana Gonçalves

Hayden, trans não-binário, presente na marcha. Foto: Juliana Gonçalves

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Edição: Tayguara Ribeiro