Encontros e luta

Caravanas nacionais e internacionais interagem com a população de Curitiba

Frio da capital paranaense não desanima as delegações que participam da 17ª Jornada de Agroecologia

Curitiba (PR) |
Pedro Miguel, morador do Assentamento Professor Luiz Davi de Macedo, em Apiaí (SP)
Pedro Miguel, morador do Assentamento Professor Luiz Davi de Macedo, em Apiaí (SP) - Júlio Carignano

Caravanas de todas as regiões do Paraná, de vários estados e de países da América do Sul estão em Curitiba (PR) para participar da 17ª Jornada de Agroecologia, um dos maiores eventos dedicados à agroecologia no Brasil. A expectativa da organização é de que cerca de quatro mil pessoas circulem pelo evento; na feira da reforma agrária na Praça Santos Andrade, nos espaços da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e na região metropolitana de Curitiba.

Realizada anualmente no Paraná de forma itinerante, esta é a primeira vez em que a Jornada é feita na capital paranaense, oportunizando que as delegações, em sua maioria oriunda de áreas rurais de assentamentos e acampamentos da reforma agrária, interajam com a população de Curitiba.

“Essa jornada tem esse diferencial. É uma oportunidade de dialogarmos com a sociedade por meio da nossa produção de alimentos saudáveis. Diferentes das outras edições, as pessoas da cidade estão passando e conhecendo melhor o MST”, comenta Sirlei da Silva, que reside no pré-assentamento Resistência Camponesa, na cidade de Cascavel (PR).

A caravana do Oeste do Paraná de 38 agricultores e agricultoras familiares viajou cerca de sete horas e chegou a Curitiba nessa quarta-feira (6). Eles residem em quatro áreas, entre assentamentos e acampamentos da reforma agrária. A maioria deles está expondo produtos na feira montada na Praça Santos Andrade. “A chuva atrapalhou um pouco, mas não tira o brilho da jornada. São quatro dias de esforço para o público de Curitiba”, aponta Sirlei.

Pedro Miguel, morador do Assentamento Professor Luiz Davi de Macedo, em Apiaí, região do Vale do Ribeira (SP), está expondo a cerveja artesanal Terra, produzida há dois anos. O grupo de oito integrantes da associação do assentamento viajou 165 quilômetros e desembarcou na madrugada de quinta-feira (7) em Curitiba. “Está sendo muito legal a interação com a população de Curitiba”, comenta Pedro, que participa pela segunda vez de uma Jornada de Agroecologia. O clima e a temperatura da capital paranaense não é problema. “A chuva é boa para molhar a terra e lavar a alma”, diz o paulista.

Caravanas internacionais

Delegações do Chile, Colômbia, Argentina e Paraguai também estão presentes na 17ª Jornada de Agroecologia. O paraguaio Francisco Larrea participa pela primeira vez de uma experiência com agroecologia no Brasil. Natural da cidade San Pedro, na região norte do país vizinho, Larrea atua em centros rurais com trabalhadores campesinos.

O convite para participar da Jornada partiu de conterrâneos que estudam na Universidade Federal do Paraná (UFPR). A viagem até a capital paranaense durou 18 horas. “No Paraguai sofremos a mesma consequência do agronegócio e do uso dos agrotóxicos. São os mesmos problemas, mesmos inimigos, a Monsanto, a Syngenta. Creio que o povo deva se unir politicamente e resistir neste embate contra essa lógica”, afirma Larrea.

 

Edição: Laís Melo